15 agosto 2005

É difícil perceber?

De cada vez que tenho tempo de ler um número do DNa, lamento todos os outros que apesar de comprados ficam esquecidos ali num sofá até irem para a reciclagem.

Esta semana, o melhor suplemento (se calhar o melhor produto) da imprensa portuguesa traz-me quatro exemplos de coisas que correm bem no País. Gosto quando o jornalismo dá bons exemplos. Há quem não perceba à primeira, mas é uma forma de denúncia tão ou mais forte que escavar nas desgraças.

Li e deixei imediatamente o Cândido-Vítima-Coitado-Barbosa a correr pelo sonho dele ali na TV para dizer o seguinte:

- Sei que é difícil motivar gente como a do hospital de Coimbra, onde não há listas de espera, mas fossem todos os médicos assim e meio caminho estava andado

- Passo à frente da casa de repouso de Carnaxide. Embora louvando a forma de trabalhar, constato que a Sónia Morais Santos nem teve coragem para publicar os preços. Deve ser coisa pouca...

- Chego por fim ao mais importante, para não acontecer tudo como na minha vida profissional: será preciso ter o dinheiro da Microsoft para perceber que empregado bem tratado é empregado mais eficiente?; será preciso ser-se comunista, barbudo, utópico ou mesmo Deus para entender que «se a escola trata as crianças como idiotas elas comportam-se como idiotas»? Para ver o meu filho na Escola da Ponte estava capaz de ir morar para as Aves, já dizia a minha mulher, que modéstia à parte escreveu há uns anos um texto tão bonito e bom como esta escola de sonho...

2 comentários:

Rosa disse...

Para muita gente, é difícil perceber, sim. Eu tenho para mim que a inteligência e o sentido prático diminuem proporcionalmente à subida de escalão (seja ele profissional, governamental, social...).

Rita disse...

Bom, antes de mais, obrigada pelo elogio. Também eu gostava que todos os filhos do mundo andassem numa escola daquelas, onde as crianças são tudo menos idiotas e lema é aprender «com liberdade e categoria». Sim, categoria.

Lamento é que as coisas boas ocupem apenas uma edição.... Já as más...