15 setembro 2006

Que não lhe caia um cruzado em cima


Bento Ratzinger, o 16.º a contar do Céu (acho que é do Céu), citou um antigo imperador bizantino para constatar, mais coisa menos coisa, que a palavra de Maomé apenas servira como incentivo à violência. O mais engraçado é falar em «propagação da fé através da espada».

Ainda bem que no passado do cristianismo e do catolicismo não há nada disto. Já imaginaram a vergonha do senhor se isso por absurdo fosse verdade e então lhe recordassem, 150 anos depois, umas aulas de história do secundário?

08 setembro 2006

Desculpem lá não gostar dos Pearl Jam*

* Isto é sincero. Estou derrotado por abrir os blogues que visito (poucos, é um facto) e em quase todos eles deparar-me com os ex-jovens. Só pode ser problema meu. Está assumido, pronto. Tal como a notícia de que vou comprar o best-of do Paco Bandeira. Cada um é para o que nasce.

24 agosto 2006

Bons auspícios?

Início de Setembro — Marisa Monte no Coliseu de Lisboa

Início de Outubro — Coliseu de Roma e toda a Roma que reste e a gente consiga galgar

Início de Novembro — Chico Buarque no Coliseu de Lisboa

Candeia que vai à frente alumia duas vezes ou o primeiro milho é para a pardalagem?

16 agosto 2006

A Merche e o bidé



Abençoado 24 Horas! Graças a ele (ainda bem que não vai em cantigas de silly season em Agosto, desculpa esfarrapada de outros jornais para nos inundarem de futilidades), graças a este jornal, dizia, sei agora que Merche Romero não vai ter bidé na casa nova de Gaia. E sei mais: a peça existia e ela mandou tirá-la.

Muitos mortais nascidos na segunda metade do século XX já perceberam que o bidé não serve para nada. Tem a ver com o facto de tomarmos mais vezes banho, e assim. Mas até ontem ainda havia muito quem o utilizasse. Merche, querida, acabas de dar cabo de uma parte da indústria, topas? Depois de teres dito ao 24 que nem percebes «porque é que os construtores ainda os colocam», quem se atreverá a receber um convidado correndo o risco de ele se deparar com um bidé na casa de banho? Coisa brega...

14 agosto 2006

Pleased to meet you


Quando Richards e Jagger escreveram «Sympathy for the Devil» o meu pai tinha 13 anos.

Pelas 23.30 horas do último sábado, ao vê-los tocarem-na no Estádio do Dragão, confirmei a suspeita: é provavelmente a melhor música rock de sempre.

Como os Rolling Stones são a melhor banda rock de sempre.

QUE CONCERTO!!!

07 julho 2006

É com estas que o Pacheco nos lixa*

* mas só se lesse o JN, coisa que, calculo, não entra na agenda intelectual de um intelectual que gosta realmente da intelectualidade e comunica com «o povo» através de cartas (recebidas), comentários em blogues e jornais desportivos

Adiante:

Há 30 quilómetros de auto-estradas prontinhos da silva, entre Pedras Salgadas e a fronteira com Espanha. Se foram feitos é porque fazem falta, mas como o primeiro-ministro podia ter de ir à final do Mundial a inauguração foi cancelada, pelo sim pelo não.

Ou seja: o Pacheco Pereira vai dizer que o Mundial é mais importante, para Sócrates, do que inaugurar a auto-estrada transmontana. Também podia passar-lhe pela cabeça que uma auto-estrada possa ser inaugurada sem um primeiro-ministro, mas isso é mais complicado para um político. Mesmo um «outsider». E depois qual era a piada de a culpa não ser do futebol?

06 julho 2006

Puta de coincidência



Na única meia-final de prova internacional em que não estivemos a ganhar à França... perdemos na mesma!

Foto AP

04 julho 2006

Chorar de amor

É o que deve estar a fazer por estes dias o ex-noivo da neta de Champallimaud. Dias antes da celebração, a moça cancelou o casamento e... mais ou menos metade de uma herança de 10 milhões de contos. Como se sobrevive a uma desilusão amorosa destas?

20 junho 2006

Uma boa ideia será sempre uma boa ideia

A BBC, onde um comentador/narrador pelos vistos aborrece malta há 35 anos, dá aos seus telespectadores a possibilidade de seguirem jogos de futebol apenas com som ambiente dos estádios. Foi este o grande «salto» possibilitado pela emissão digital.

A Sport TV, na sua humildade de televisão mais jovem, podia seguir o exemplo e dar-nos a possibilidade de não ouvir o José Marinho, por exemplo, não acham?

17 junho 2006

Pai, o Gunaudinho!



Há momentos em que acreditamos ser bons pais e conseguir dar boa educação aos nossos filhos nestes tempos tão difíceis! Os últimos dias têm sido um somatório desses belos momentos. Com a preciosa ajuda da avó, da mãe, do tio e da candidata a tia, o meu rebento (27 meses e uns pozinhos) já quase conhece a Selecção toda, tenta trazer da tabacaria para casa as revistas com o Figo na capa, quis uma caderneta de cromos igual à do pai e entrou em êxtase quando lhe saiu o cromo do «Gunaudinho». Já sabe imitar (só com a mão esquerda) o gesto típico do maior do Mundo e colou todos os outros cromos do dia nas páginas do Brasil, à volta do Gunaudinho. E do Robinho, que é «o amigo do Gunaudinho». Só deixou, ao lado do ídolo, espaço para o «Kakáka». AH RICO FILHO!!!!

14 junho 2006

Justiça

Foto AP
Voltei por três segundos, só para dizer que gosto quando há justiça no futebol. Não torço pelos alemães, a não ser porque apostei que vão à final perder com o Brasil. Mas hoje fartaram-se de jogar, correr e rematar contra uns polacos que entraram em campo para defender. Aos 89 minutos atiraram duas bolas à trave. Aos 91 marcaram. Gosto quando há justiça no futebol, já tinha dito? Excepto quando é contra o Sporting, claro. Aliás, colocar justiça e prejuízo para o Sporting na mesma oração constitui em si um paradoxo.

04 junho 2006

Só pa dizer...

Que assim de repente a Selecção e as suas primas-donas já começam a irritar-me um bocadinho. O Scolari, esse, já há muito tempo. Bora lá resolver isto com umas vitórias em vez de carinhas amuadas? Venha a bola a saltar...

25 maio 2006

Infelizmente não pude ficar em Paris

Mas também não me apetece voltar aqui. Até ver.

17 maio 2006

É muito bom voltar aqui...



E OLHA SÓ QUEM TAMBÉM CÁ ESTÁ! Até logo...




05 maio 2006

Toca a parir que dá bónus!

Todos conhecemos a prova irrefutável de que o ridículo é infinito: é sempre possível inventar um ridículo ainda maior.

Esta nova ideia josé-socrática de penalizar fiscalmente quem não tem filhos, no entanto, vai ser difícil de bater nos próximos tempos.

Lição para o fim-de-semana: NÃO, NUNCA DIGAS QUE JÁ VISTE TUDO!

01 maio 2006

Tomem nota

Este feriado, o 1 de Maio, vai deixar de o ser em Portugal ainda antes do 25 de Abril. Vem isto a propósito de direitos dos trabalhadores. Mais concretamente: de alguém que hoje se insurgiu por outro alguém já com experiência ir de novo sujeitar-se a estágios e testes.

«É a economia, estúpido». Tantos anos que esta frase já tem...

P. S. — Há um ano foi feriado e dia da Mãe. Foi muito bom. O Jaime ainda não andava. E não é que hoje, sem relacionar as coisas, falei de piqueniques? Ele já corre e continua a cair. Hoje, num passeio pelo campo que ainda há na cidade, esfolou lábios, nariz e testa. Nada de grave. Faz-lhe bem. Está óptimo e fala muito. Conhece-te sem hesitar na fotografia que está na sala. «Beijos doces» para ti também.

23 abril 2006

E pronto...



... ano após ano, com honrosas excepções pelo meio, chega sempre este dia. E deito-me sempre sem perceber o que custa mais, se este azul se o vermelho do ano passado. Por um lado os vizinhos do lado são mais que as mães e chatos como a potassa; por outro sempre vejo umas mão-cheias de amigos felizes.

Conclusão: o melhor mesmo são as excepções...

21 abril 2006

A formiga e o elefante



Um afamado piloto de testes da NASA morreu aos 84 anos num acidente... de avioneta.

Faz-me lembrar uma série de ditados populares. E eu ainda sou do tempo em que o Povo tinha sempre razão.

20 abril 2006

Gente séria

Manuel Maria Carrilho, conta o Público, faltou a uma votação na Câmara Municipal de Lisboa e com isso ajudou a inviabilizar uma medida que terminava com os recibos verdes e os contratos a prazo na autarquia, permitindo a entrada de trabalhadores no quadro.

Eu percebo que a malta da equipa do Carrilho seja a favor do recibo verde - é a forma mais prática de pular de tacho em tacho, especialidade do centrão português. O que não percebo mesmo é como se pode sair impune de situações como esta, de faltar a uma reunião de vereadores e com isso contrariar uma tendência do seu grupo político.

Deve ser normal, o defeito é dos papalvos que ficam cá deste lado e não compreendem «a economia» (topas, Pim?). E dos trabalhadores, com certeza. Só gostava que o Carrilho um dia destes fosse ao banco e lhe negassem um empréstimo por não ser do quadro. Mas isso só acontece aos papalvos, mesmo.

P. S. - Qual foi o partido que inviabilizou uma medida a favor dos trabalhadores, qual foi? E qual foi o que propôs a medida?

19 abril 2006

Eh pá, bom proveito, hein?

«Vou comer a placenta, deve ser muito nutritivo»
Tom Cruise, comentando o nascimento, em breve, do filho de Katie Holmes (e dele, e dele)

Queridas Nicole e Penélope: estão a ver do que se safaram? Percebem agora quando a gente diz que o invólucro às vezes engana? Estão a ver, estão a ver?

16 abril 2006

É mais ou menos isto


Ideia boa, posição adequada das listas no equipamento, as cores certas, até os calções brancos ficam bem. Só falta ser em Portugal...

Prémio cada macaco no seu galho, mais ou menos como funciona com os arrumadores

«Parem de ganhar dinheiro com o nome de Jesus», pediu a Igreja aos editores livreiros, a propósito de obras de Dan Brown e companhia. A vida está má para todos e realmente é feio metermo-nos no negócio dos outros...

13 abril 2006

A Páscoa das instituições

Dezenas de deputados faltaram ao trabalho para terem férias de Páscoa mais compridas.

A Igreja Católica acha que fiéis e infiéis perdem demasiado tempo a consumir informação.

Abrem restaurantes que querem que a gente se despache a comer (já tinha falado nisto?)

E ainda há quem me telefone a desejar Boa Páscoa?

12 abril 2006

12 Abr 2005

Parecia tudo bem, há um ano.

E de repente, há exactamente um ano, foi o princípio do fim.

Quantas vezes te vi?

Há quanto tempo não te beijo?

11 abril 2006

Se não fizer muito calor...


...é aqui que quero estar nos próximos dias









Marte, foto NASA

06 abril 2006

Assim de repente não consigo pensar em ideia mais estúpida

Abriu em Lisboa, leio no jornal, um restaurante onde se paga ao tempo, ou seja, quanto mais o cliente demorar a comer, mais paga. O taxímetro começa a acrescentar euros à bandeirada a partir dos 20 minutos, como se isso chegasse para degustar mais que meia entrada.

É a vergonha no seu estado mais puro, dois degraus abaixo daquela outra ideia anti-cidade de proibir o estudo nas mesas de café.

Esperem, afinal há hipótese mais estúpida, embora apenas em «upgrade»: um restaurante self-service onde se coma de pé, sem bebidas alcoólicas nem café e onde se pague um euro por minuto de ocupação do balcão. No final o cliente limpa a mesa, despeja o lixo e na entrega do tabuleiro recebe um vale para ter um barril de pipocas grátis no cinema Lusomundo mais perto dele.

QUERO LISBOA DE VOLTA!!!!

04 abril 2006

Évora



Não, cidade bonita, ainda não nos reconciliámos. Desculpa. Dá-me tempo. Tens tempo?

30 março 2006

Há uns meses escrevi isto*

* e juro que nunca pensei ter de voltar a escrever. Um abraço para quem o merece, um desabraço para quem não merece ou deixou de merecer.

Quero ir dormir

No dia em que os sapateiros não quiserem tocar viola, os pintores se dedicarem só à pintura e os merceeiros não tenham a mania que podem gerir supermercados, talvez o País melhore. Por enquanto, decididamente, não. Puta que os pariu.

Setembro 2005

29 março 2006

E se fosses plantar batatas?


Eh pá, não tenho nenhuma admiração especial pela Margarida Rebelo Pinto (a não ser pela pinta, mas isso fica para outro dia), mas embirro solenemente com o tal de João Pedro George.

Quem? Exacto — não sabem, né? Mas ele esforça-se: o exercício preferido dele é escrever mal de escritores, descobrir-lhes alegadas incongruências e autoplágios (a propósito, o que é um autoplágio?).

Arrasa a Rebelo Pinto e até aí tudo mais ou menos bem, petulância à parte. Mas vai por aí adiante (no 24 Horas): Saramago «tem livros que se lêem bem sem ser genial», Lobo Antunes «ilegível», Inês Pedrosa e Possidónio Cachapa «irritantes».

Ainda bem que Portugal tem génios destes. Aguardo ansiosamente o seu primeiro romance. O pior é que não percebo nada de literatura. Será que ele me deixa ler o que escreve?

25 março 2006

Há jornais assim

Há jornais giros. Num dia uma manchete a dizer que «Baía atirou a bola à cara de Ricardo»; no dia seguinte o próprio director diz que não viu nada disso e pelo menos um «opinador» ridiculariza a pseudo-agressão.

Estamos a falar de?...

21 março 2006

Eh pá, espera aí...

Uma coisa é a gente conversar e na converseta ir brincando que está a ficar gimbras, que tem mentalidade de 40 ou 50 anos, até dá para fingir que não se percebe nada do que esta malta agora faz e curtir o ar escandalizado da Rita e da Jo, por exemplo.

Mas de repente ele e ela, entre outras dezenas de amigos e conhecidos, falam é de Rock in Rio e sobretudo de Super Bock Super Rock. Com mil bandas da moda «alternativa e independente» a aterrarem na Portela.

E eu, que faço? Babo-me para cima dos bilhetes dos ROLLING STONES que consegui arranjar (mil obrigados, CPS!) sem andar em filas!

Parece-me que a coisa desta vez é mais séria...

P. S. - Rita, se te sentires realmente mal não precisas de vir, pronto, eu ligo ao meu pai, ou mesmo ao meu avô, ou assim, em último caso uma tia solteira ou um tio viúvo, e acabo por arranjar companhia.

20 março 2006

Aceitam recomendações?

À FA, federação inglesa de futebol:

Olhem, vossas excelências vão desculpar por isto seguir em Português, mas estou como o nosso Felipão: ando com o inglês enferrujado. De qualquer forma, se o perceberam durante a entrevista que lhe fizeram na semana passada, hão-de arranjar maneira de me perceber a mim. Isto quem quer mesmo uma coisa não há nada que o atrapalhe, não é?

É verdade que ainda não percebi se são vocês que o querem ou ele que vos quer a vós (no meu tempo as entrevistas para emprego dependiam de candidatura do interessado no posto), mas seja como for aqui vai:

O senhor Luiz Felipe, enquanto cá trabalhou, mostrou-se de uma honestidade e de uma entrega e uma dedicação e uma paixão a toda a prova. Ainda recordamos com saudade as bandeiras em cada janela de Portugal e o Costinha e o Ricardo aos papéis enquanto o grego cabeceava para o ouro. Esteve sempre pronto para observar jogos e discutir abertamente as suas opções. Cultivou boas relações com todos os clubes e acertou com um onze-base assim que cá chegou.

É óptimo, fantástico, maravilhoso. Estávamos até capazes de jogar o Mundial sem ele, tal foi a forma como ele preparou tudo. Peço-vos, no entanto, que nesse caso nos emprestem o vosso seleccionador. Contratozito de três meses, depois logo se vê. Não vá o Eriksson já ter esquecido o Português...

18 março 2006

Pena a foto...

Foto daqui

Percebe-se mal, mas eu explico e prometo, depois, tentar obter imagem digna do momento: o púlpito onde falam os congressistas do PSD, este fim-de-semana, diz «CREDIBILIDADE». Hoje à tarde, durante largos minutos, vi na SIC Notícias Alberto João Jardim com esta legenda! Se não fosse dramático até podia dar vontade de rir.

13 março 2006

Cheiro a flores

Chegou a Primavera. Ou melhor, na prática chegou o Verão, que como todos sabemos está a acabar-se esse tempo das estações do ano todas certinhas e sequenciais.

Provas?

1) Ontem à tarde cheguei de um Alentejo a ferver e já calcei as havaianas para ver a bola, acompanhadas à cintura pelo fiel calção de algodão do Campomaiorense e ao tronco por uma t-shirt azul da Champions que o Porto ganhou (chama-se adequação temática; a cerveja gelada não conta porque no Inverno marcha na mesma)

2) Hoje de manhã (oito) saí de casa só em camisa e casaco mais ou menos leve. Nem pinga de frio. Cheiro a sol e flores. Passados 45 minutos já pingava, mas suor, depois de subir do Martim Moniz para o Campo dos Mártires da Pátria. Quando se amaldiçoa um casaco está tudo dito...

3) Nem quero pensar em como estará inclemente o sol daqui a pouco, quando sair. O que vale é que agora será a descer.

4) Para quem achar que exagero (sei que há por aí muito disso), que sou um calorento e tal, a prova final, conclusiva e irrefutável de que Inverno há mais para o ano, mesmo que ainda chova: A RITA TEVE CALOR DE NOITE (e agora, querida, vais arrumar a merda do edredon de penas que já devia estar a hibernar há duas semanas, não é?)

08 março 2006

05 março 2006

Gargalhada do ano (e ainda vamos em Março)

Notícias deste domingo dizem que Sagres e Vila Real de Santo António vão ser ligadas por... ciclovia. Ciclovia, topam? Aqueles caminhos que servem para andar de bicicleta e onde não podem circular carros, nem estacionar, e assim. Quem já foi à Holanda tem ideia do que é.

NO ALGARVE???? AH AH AH AHAH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH AH!

03 março 2006

Não tem dado ou não tem apetecido?

Voltamos a qualquer momento. Não pedimos desculpa porque vocês não se chateiam, de certeza. Beijos, abraços e bom fim-de-semana.

24 fevereiro 2006

Questão que me atormenta

Jogo no Euromilhões, no Totoloto, no Loto 2 e (por graça e defeito profissional) no Totobola.

O que será mais improvável? Eu ganhar um primeiro prémio ou o José Mourinho admitir uma derrota?

BARCELOOOOOOOOOONA!

21 fevereiro 2006

Hábitos estranhos II

Não sei exactamente por quanto tempo, mas sim, eu era capaz de viver com uma (numa...) cozinha destas. Aceitam-se ofensas.



Foto AP

Não têm uma pilinha para se entreter?

Norte-americanos (claro!!!) estão em vias de inventar uma pílula que permite a uma pessoa dormir apenas duas horas, mantendo intactas todas as capacidades inerentes ao estar (bem) acordado.

O prof. Marcelo diz que só dorme quatro horas por dia, mas isso é um problema dele. Eu às vezes também. Acontece a todos. Mas por que raio precisamos de dormir apenas duas? Ah, pois, a produtividade... A seguir inventam um comprimido que garanta 14 horas de trabalho/dia sem cansaço, boa?

Estes senhores ou senhoras não têm, por exemplo, uma pilinha com que se entreter, em vez de andarem a inventar a morte da nossa forma de vida?

Viu-se bem daí, mãe?

Este ano não precisavas de ir à Serra da Estrela. Nós, mesmo assim, vamos tentar lá passar.

Évora, 2006, fotos daqui

17 fevereiro 2006

Finalmente fim-de-semana, finalmente desafio aceite

OK, malta amiga que desafiou: após jantar que ajudou um bocadito, aqui ficam, para reflexão de fim-de-semana, hábitos estranhos deste vosso companheiro.

1) Deixo sempre um bocado de vinho no copo para depois do café, em casa ou no restaurante. E recuso-me a sair da mesa com uma pinga de tinto que seja a sobrar. Mesmo que entretanto já tenha aviado um uísquezito-coisa-pouca-só-mesmo-um-cheirinho

2) Prefiro, de longe, puré de batata de pacote a produto original, feito em casa com batata verdadeira

3) Desde miúdo que gosto de ler o jornal acabadinho de sair da tabacaria, ainda com as dobras e os vincos todos. Mas só o do dia. Exemplo: o Expresso bem dobradinho ao sábado de manhã, no primeiro contacto, mas se voltar a ele domingo ou segunda já o quero usado e amarrotado. Falo do Expresso porque mantém, parece que por pouco tempo mais, o inteligente formato broadsheet. Mas eu gostava mesmo era de A BOLA antiga, mais larga ainda. Nas férias chegávamos a comprar duas Bolas, porque o meu pai, vá lá saber-se porquê, tem a mesma mania que eu. Ou será ao contrário?

4) Quando acabamos de cozinhar (eu e/ou o meu pai) a cozinha fica quase incólume, ou no mínimo organizada, com a eventual loiça por lavar empilhada no sítio certo e as tralhas arrumadas. Lá em casa é fácil saber-se quem fez o almoço ou o jantar antes mesmo de ele ir para a mesa...

5) Gosto de simetrias em quase tudo. Se numa ponta do sofá está uma almoçada inclinada a 45 graus, na outra ponta quero uma exactamente em espelho. Vale para quase tudo. O meu filho de dois anos é capaz de voltar atrás se dois interruptores que estão lado a lado não estiverem ambos para baixo ou ambos para cima. Vá lá saber-se porquê.

16 fevereiro 2006

Quem queres ser quando morreres?

Morreu Eduardo Alberto Ferro Rodrigues. Autor de peças de teatro e programas de rádio, pai de Ferro Rodrigues (ex-muita coisa entre as quais líder do PS) e avô de Rita Ferro Rodrigues, apresentadora da SIC (e sportinguistas, todos).

Foi engraçado ver a forma como os diferentes jornais titularam a notícia: para os ditos «de referência», morreu o animador de rádio e dramaturgo; para os chamados «populares» morreu 1) o avô da Rita (24 Horas) ou 2) o pai de Ferro Rodrigues.

A comparação vale o que vale. Mostra as diferenças. Eu sei quais prefiro. Mas cuidado com as aparências: se uma pessoa «normal» ler só o Público, por exemplo, será que chega a reparar na notícia?...

Chamem-me totó, pronto

Leio na capa do DN: «Venda de crianças vai ser punida por lei»

MAS AINDA NÃO É?

Que inocente, porra...

Não é má vontade...

Já recebi três desafios para aquela história dos cinco hábitos estranhos. Prometo que chegarão. Olha, se calhar esta de não encontrar assim de repente hábitos estranhos já é um deles... Mas hei-de reflectir para elencar (adoro esta palavra, «elencar») os outros quatro. Até já.

15 fevereiro 2006

Não sei se o prendia ou se era melhor uma chapada

Leio muito pouco «O Independente», ao contrário do que sucedia quando me apareciam os primeiros pêlos na cara — o Indy era muito in e muito culto e muito contra a corrente e muito tuditudo. Mas costumo ler o António Tavares-Teles (e dispenso teorias psicanalíticas sobre isso, embora as compreenda).

Serve isto para dizer que li no ATT que um padre deu uma entrevista ao Independente onde disse isto: «É mais grave fazer um aborto que violar uma criança.»

Li e reli. Não quero saber o nome do animal de batina que proferiu tal frase. Mas pensando bem até o compreendo: é uma espécie de autocrítica — nos seminários não se fazem abortos.

14 fevereiro 2006

Orgasmos

Eh pá, ou ando distraído à brava ou só entre ontem à noite e hoje é que reparei que anda meio mundo a falar de orgasmos como se falasse de uvas em Setembro.

Ontem era o ABC do Sexo, ou lá como se chama a Marta na TVI; hoje de manhã era uma senhora na SIC a dissecar o clitoris, salvo seja, agora até a TSF à tarde fala de conseguir, ou fingir, ou nem sequer lá ir.

Porreiro. Começamos a ir ao encontro das verdadeiras preocupações das pessoas.

13 fevereiro 2006

A diferença (também) está nisto

Porventura entusiasmado com a polémica que entretém o mundo, um jornal alemão publicou cartoon com os jogadores da selecção de futebol do Irão envoltos em explosivos, como bombistas suicidas.

A embaixada do Irão na Alemanha, cito carta enviada ao jornal, «protesta de forma veemente contra a ausência de sensibilidade manifestada pelo jornal e exige um pedido de desculpas».

Isto é entender a liberdade de expressão e o jogo democrático, com o consequente direito à indignação e ao bom nome, questões que se resolvem entre cavalheiros — com pedidos de desculpa, por exemplo — ou nos tribunais, caso o cavalheirismo não chegue. Nunca se resolverá à chapada, à pedrada ou à Intifada.

A distância entre as reacções aos cartoons da Dinamarca e a este equivale exactamente à diferença entre o mundo livre e o mundo oprimido. A embaixada iraniana na Alemanha vive cá deste lado...

Quero férias de neve!

(mas não tenho dinheiro...)
Foto AP

Então, meu, gostas de brincar à liberdade?

Era o que eu perguntava a um iraniano agora que já publicaram num jornal deles caricaturas sobre o Holocausto. Depois dizia-lhe que se é só para responder não vale. Liberdade é muito mais que isso. Mas pronto, para primeiras tentativas não está mal. E pela parte que me toca não me apetece nada mandar pedras a embaixadas de países muçulmanos. Será que eles desculpam?

10 fevereiro 2006

Prontos, tá bem


Após dias inteiros de queixas a amigos e consultas com psicólogos e outros ólogos, cedo ao conselho-mor: pôr gajas no experimental, a ver se arrebita o defunto.

Como assim de repente não percebo como se pode duvidar desta aqui e já que a melhor maneira de morrer é levar um tiro, fica o pensamento: carrasco por carrasco, não era giro ter esta última imagem?

A sério, há mesmo dúvidas?

08 fevereiro 2006

Ser do Sporting é...

... não ter vergonha de ficar contente depois de ganhar ao Paredes com extremas dificuldades e um penalty nos descontos (parece que foi, embora a malta que estava ali a ouvir o relato jure a pés juntos que foi gamanço). Escrevo de propósito antes do Benfica-Nacional.

06 fevereiro 2006

Porque estamos quase no nível zero

O experimental baixou a audiência de 7 para 1 leitor (eu), 2 nas «peak hours».

Hipótese A (e portanto mais plausível): isto é uma merda e as pessoas finalmente perceberam

Hipótese B: ando desinteressante, por isso escrevo coisas desinteressantes, mesmo que ache os casamentos homossexuais importantes

Hipótese C: a audiência era maioritariamente do Benfica e não perdoou o facto de eu ter iniciado a explicação do que é ser do Sporting

Hipótese D: a audiência é maioritariamente do Benfica e não aguenta a realidade da qual miraculosamente se esquecera nos últimos sete/oito meses (ser do Sporting é também não esquecer aqueles 18 anos e nem sequer trocá-los por nada)

05 fevereiro 2006

Ser do Sporting é...

... saber agradecer ao Costinha o facto de, muitos anos depois, estar finalmente a compensar tudo o que de bom fez pelo Benfica enquanto foi guarda-redes do Sporting.

01 fevereiro 2006

Queres casar comigo?

A política de causas tem as suas contradições. Depois de alguns anos a lutar, muito justamente, pela equiparação das uniões de facto aos casamentos de papel passado, eis que a ordem do dia é marcada por um pedido de casamento de um casal homossexual.

A pretensão, quanto a mim, é igualmente justa. Sou fortemente partidário da liberdade até onde não incomodar ou prejudicar os outros. E duas mulheres casarem-se não prejudica obviamente ninguém.

Não preciso, contudo, de fazer um grande esforço para me colocar na pele (e na mente) de pessoas menos... flexíveis, ou religiosamente mais convictas, e perceber o quanto podem ficar chocadas com a possibilidade de (na óptica delas) subverter uma instituição como o casamento, para o bem e para o mal um pilar fundamental da vida social ocidental.

A minha questão é: se a malta mais moderna e arejada faz, há tantos anos, tanta gala em abominar o casamento e em apregoar que é igual juntar-se ou casar-se, interessa é o amor e a cabana, então para quê o finca-pé no casamento dos homossexuais? Não seria mais eficaz concentrar esforços na luta pela efectiva igualdade de direitos em relação a um par heterossexual que viva em comum — heranças, assistência na doença, possibilidade de adopção, etc.? Isto sim, é imperioso numa sociedade moderna. Agora lá o casamento... só se for por uma questão simbólica, que como se sabe vale muito pouco quando confrontada com os costumes.

P. S. - OK, confesso: já estou um bocadinho farto das duas senhoras que hoje inundaram jornais, rádios e TV. Mas penso mesmo o que disse acima.

31 janeiro 2006

Um sorriso


Tem 25 anos. Um pouco menos que eu, embora me pareça que vivemos sempre juntos. Saiu em DVD «A Balada de Hill Street». Salve!

Ei, ei, ei, ei: let's be careful out there...

22 Out 57 - 31 Dez 05

Será verdade o que diz a poetisa?

E um mês? Um mês é muito ou pouco tempo, mãe?

«Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de-bailar
As quatro estações à minha porta

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.»

Sophia de Mello Breyner Andresen, 1947

29 janeiro 2006

Ser do Sporting também é...

... pensar com os botões que pode sempre acontecer tudo, não dizer alto para não correr o risco de nos chamarem insanes e depois...

VERMOS AMANHECER UM DOMINGO DE NEVE COMO SE BRILHASSE NO CÉU O SOL MAIS INTENSO DO MUNDO!

Por aqui se prova que tudo é um estado de espírito. Continuaremos a estar «quase» muitas vezes. A perder quando não se espera, a chorar mágoas impensáveis. Mas continuaremos sempre a ter momentos assim, de uma glória fugaz mas saborosa (que não Sabrosa). Quando dizemos alto que estamos vivos depois de já nos terem feito o enterro.

Gostamos de correr por fora, não é, Augusto Inácio e restante malta de 1999/2000?

27 janeiro 2006

Ser do Sporting é...

... querer muito comer couve ao jantar, com o bacalhau, em dia de folga; duvidar, de repente, que a frutaria/mercearia do costume venda couves, apesar da grande qualidade e variedade dos vegetais; entrar no estabelecimento, ao fim da tarde, e ver uma couve portuguesa a sorrir; sorrir para a senhora que não se percebe se está na fila para os legumes; ouvi-la dizer que está e momentos depois ouvi-la pedir a couve; confirmar em seguida o que qualquer sportinguista que se preze já sabia, porque sempre sentiu na carne, como ferro quente, a famosa Lei de Murphy: era a última couve!

25 janeiro 2006

2011 — o futuro é já ali

Visto que diz que não há como ser optimista, deixo-vos aqui o meu novo consolo: Cavaco Silva vai conseguir ser o primeiro presidente da Democracia a falhar a reeleição.

P. S. 1 - Uma palavra amiga para quem votou bem
P. S. 2 - Uma palavra democrática para quem votou mal, acompanhada de um «daqui a uns anos depois vais queixar-te e eu lá terei de te gramar; mas juro que só faço olhares trocistas uma vez!»
P. S. 3 - Um grande «vai à merda» a quem podia votar bem e preferiu não o fazer. Estes não-democratas não têm sequer direito de queixar-se. Mainada!

22 janeiro 2006

Hermanos espertos

A notícia espanta-nos: em Espanha foge-se ainda mais ao Fisco que em Portugal.

A notícia espanta mas, paradoxalmente, não consola. Antes pelo contrário: acabamos de perder mais uma das fortes explicações para o nosso atraso secular. Se mesmo com fugas superiores eles são tão melhores, que esperança podemos ter no futuro?

Eu digo, mas baixinho: fingir que o 1 de Dezembro de 1640 não existiu e assinar um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez apenas relativo à Península Ibérica e, ao contrário do outro, para juntar e não para dividir. O Governo fica em Madrid, boa?

21 janeiro 2006

Pérolas

«— Ricardo não tem as botas ligadas, está é a aquecer o pé para ver se suporta as dores

— É, Valdemar, as botas são é brancas. Não estão ligadas.»

Era o momento do ano em televisão, eu sei, mas caríssimos «TVI's»: já há muito tempo que não se vê alguém ligar os pés com as ligaduras por cima dos sapatos, topam?

Combinação irresistível

A Scarlett Johansson adora queijo. E deixou o Tom Cruise pendurado quando este, num jantar a propósito de um filme, levou dois ou três lá daquela equipa da cientologia para tentar convertê-la.

Já disse que ela adora queijo? E que até diz que sonha e tudo, e não pode passar sem?

Eu sabia que havia razões para lá das óbvias para andar a falar nela há tantos anos. Vou ver o Match Point.

20 janeiro 2006

Foda-se, pá. Ou então não...

A dinâmica das sondagens dava-me esperança, mas acabam de anunciar as últimas e o Acabado parece que ganha com 53%, segundo os números Eurosondagem e Marktest. Andam às turras com o segundo classificado, mas isso só conta para dizer aos netos.

Puta que pariu as sondagens. PORTUGAL, É HORA DE SAÍRES À RUA. Depois de domingo não terás oportunidade de mudar. Amargarás durante dez anos um mono como presidente. Um boneco empalhado que não sabe rir nem comer. Um espantalho que não tem opinião sobre nada (Portugal: antes de te arrependeres, lê a crónica do Mega Ferreira na Visão desta quinta).

Vá lá, País...

19 janeiro 2006

Figas, muitas figas

Ai caramba, se houver segunda volta nas presidenciais eu volto a comprar o DN apesar de terem acabado com o DNa e volto a ouvir mais TSF que Radar, pá. Ai volto, volto. Não é promessa do tipo religioso, é só gratidão face a quem me tem feito ter esperança na vida nos últimos dias...

«Tendência de queda» e «limiar da maioria absoluta». E FALTAM TRÊS DIAS! Muita féééééé

15 janeiro 2006

Vai um cravinho, senhor Silva?


Entrou na fase do desespero. Que outra razão levaria Cavaco Silva a dizer que «o povo é quem mais ordena?». Muita fééééé.

E se de repente a vida voltar a fazer sentido?

Tentei a todo o custo ainda não dizer isto alto, mas não consigo — a minha vida, as nossas vidas, a vida do País estão perto de recomeçar a fazer algum sentido: Cavaco Silva desce nas sondagens a uma semana das presidenciais!

Era previsível. Com campanha em marcha a sério, as limitações ficam mais à mostra. Talvez os portugueses não queiram, afinal, ver o Mundo todo através de investidores, confianças, investimentos, capitais, administrações, bolsas, empresas, OPAs, break evens, cash flows, empresários, moeda, barris de petróleo, défices, impostos, dotações, gestores, estratégias, grupos económicos, compras, importações, exportações, qualificações, empresários e políticos que só sabem falar disto.

Talvez queiramos ser vistos como CIDADÃOS com angústias, estados de alma, inteligência, capacidade artística, gostos culturais, amores, desamores, emoções, sentimentos, tendência para partilha em sociedade, necessidade de lazer, filhos, pais, avós, inquietações, dúvidas, gosto de viver.

Somos gente que precisa de boa parte do que está lá em cima, mas somos sobretudo pessoas e não números. É por isto que vou votar em qualquer um que não Cavaco Silva.

MUITA FÉÉÉÉ*

*até porque se houver segunda volta cheira-me a vitória do «qualquer um» que lá chegar com o prof.

12 janeiro 2006

...e porque não sonhar, só?

Porque me diz o calendário que passaram quase duas semanas quando ainda há bocado — ainda ontem, vá lá — eras viva?

Agora que deixei de sonhar contigo todas as noites é do pensamento que não me sais enquanto estou acordado. Confirma-se: os sonhos suportam-se melhor que a realidade.

O que é isto?

Leio com maior atenção as notícias sobre a morte daquele rapaz de 19 anos que foi empurrado para a linha de comboio e repito a pergunta (na verdade de retórica) ainda mais vezes: esta merda toda não faz mesmo sentido nenhum, pois não?

E porque a vida só segue em frente...

O tempo não pára, por muito jeito que isso nos desse. Em período de sorriso difícil (embora possível), vale a pena anotar uma pequena vitória do meu rebento: saltou da cama de grades sem se magoar e (a vitória é esta...) apareceu-nos no quarto para concretizar aquilo por que berrava há 20 minutos — dormir com os pais. Como recusar depois de tanto esforço?

Well done, kid;-)

04 janeiro 2006

Chuva, sol, água e um sorriso para sempre

Aposto que chovia em Évora quando desististe de sofrer. Nos dois dias seguintes fez muito frio e também choveu. Foram os dias mais frios da minha vida. Tinha gasto as lágrimas enquanto vivias, sobraram poucas, ficou um olhar meio ausente, entre um ontem quase esquecido e um amanhã que ainda vou demorar tempo a entender.

Recebi centenas de abraços, por todas as vias possíveis. Foram pingos de felicidade. Já desconfiava que é importante ter gente a gostar de nós; agora tenho a certeza. Não vou dizer que tu eras a pessoa que queria abraçar naqueles dias. Porque te abracei enquanto foi tempo. E vou abraçar sempre que quiser. Eu sei.

Fiquei aliviado por te ter repetido «gosto muito de ti» antes do último beijo das nossas vidas. Acho que o esforço que então fizeste para virar a cara e olhar-me vinha acompanhado de um «eu também». Acho não - tenho a certeza. No fundo, ambos sabíamos que ia acontecer nas horas seguintes, não era?

Não fugi para Lisboa. Apenas quis ver os olhos do meu bebé sorrirem e dar-te a certeza de que o levaria a ver a avó no domingo seguinte, se tivesse havido domingo. Mas ambos sabíamos que não ia haver. Houve apenas um dia qualquer de chuva.

Ao terceiro dia houve sol. Um sol muito brilhante. Disse-te adeus quando passámos pelo sítio do piquenique do Dia da Mãe. A água da barragem brilhava quase tanto como o teu sorriso.

Passaram muitas horas e consigo finalmente voltar a chorar.