Desde os 20 anos que sinto precisamente isto que segue abaixo. Sem ponta de ironia, apenas com a sensação de que me faltaram sempre colegas mais velhos e experientes. Agora somos gente muito nova a brincar aos chefes. Cá por mim prefiro sempre ter uns cabelos brancos por perto para o que der e vier. Escreveu então Fernando Dacosta, um dos que foi resistindo:
«Redacções houve onde quem tinha mais de 40 ano se via emprateleirado e pressionado a aposentar-se; ou seja, alienava-se a essência do jornalismo: a memória, o conhecimento, a experiência, a argúcia, a comunicabilidade.»
Fernando Dacosta, in revista Visão, n.º 652
05 setembro 2005
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6 comentários:
Concordo contigo no que diz respeito à experiência, ao "calo". Mas já o gente muito nova a brincar aos chefes não o entendo bem. A memória, o conhecimento, a experiência, a argúcia, a comunicabilidade não fazem, necessariamente, um bom líder.
Não. Mas ajudam. Posto de outra maneira: um bom líder será melhor quando tiver esses atributos todos (o conhecimento, enfim, não tem idade). Brincar aos chefes é obviamente força de expressão com pretensão a piadinha. Quem me dera ainda ter tempo para brincar fosse ao que fosse...
Dacosta: bullseye. Aliena-se a memória e uma capacidade analítica contextual de profundidade, dialéctica. Mas parece-me que os mais novos numa redacção sofrem ainda de outro mal: aprendem por empirismo. Não há tempo para eles.
Os mais velhos tê-lo-iam, Davi. Nem que fosse por isso, deviam ter passado mais tempo dentro das redacções.
Exactamente! Até os aborígenes e as tribos centro-africanas mais desfasadas do mundo imediatista e tecnocrático sabem isso... E nós, os evoluídos, que fazemos? Os anciãos... reconfortantes e fecundos (mesmo que por interposta geração) cabelos brancos de que falas... votados ao emudecimento castrado e estéril.
Desistir não. Não, não e não. Mas às vezes apetece tanto...
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