A propósito dos sete milhões-sete de horas a que os professores faltaram durante o ano passado, dizia um daqueles sindicalistas que a gente de tanto ver até já esqueceu o nome: «A senhora ministra esqueceu-se de referir o número de horas que os professores cumpriram. Os professores não são diferentes dos outros funcionários públicos, o nível de absentismo é o mesmo, não é superior.»
Ou seja: se bem entendi o «stôr», se eu não cuspo para o chão mais vezes que o meu vizinho, não estou a fazer mal; se reciclo menos que o Gervásio e tão pouco como a malta do meu bairro, não tem problema, estou na média; se estaciono em cima das passadeiras não faço nada mais grave que grande parte dos outros automobilistas, portanto estou correcto.
É este tipo de sentido de responsabilidde e civismo que se aprende nas escolas portuguesas? A minha esperança é que este sindicalista seja como a maioria dos que a gente vai vendo: pouco mais que um corporativista, apesar de o ponto de partida político ficar nos antípodas do corporativismo. Pode ser que a maioria dos colegas, apesar de faltarem mais do que deviam, não pensem assim. E sobretudo não desensinem nem desformem assim.
Bom fim-de-semana, que para mim será de trabalho. Sem direito a faltas por decreto ou «artigo».
18 novembro 2005
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
acho q o q ele quis dizer foi q os professores tb ficam doentes, tb vão ao médico, tb têm q ficar com os filhos em casa...and so on...
Ah! mais uma coisa...n te esqueças que há muitos de baixa...
na maior parte das vezes provocadas pelo excesso de horas passado a tentar ensinar criancinhas burras e mal-educadas (q assim são por culpa de quem as cria).
(n me quero alongar pq iria ocupar muito espaço com este assunto...ter uma professora em casa faz-me ter uma outra perspectiva das coisas).
não querendo desculpar as faltas, elas acontecem (quase sempre) por motivos de força maior.
Acredito que suceda no caso de quem tens em casa e até na maioria. Não tenho como princípio desconfiar das pessoas. Mas tenho convivido com muito professor e sei a facilidade com que faltam a aulas porque sim. Porque estão cansados, ou dói um bocadinho a cabeça ou dá um jeitão fazer ponte (neste ponto então...). E os outros trabalhadores não podem, de facto, faltar com a mesma facilidade, o tal artigo, ou não sei quê.
E havemos de falar melhor sobre «excesso de horas»...
Pois, também gostava de perceber melhor essa história do «excesso de horas». Isto é, em que momento passam a ser em excesso? É a partir da comum oitava hora? é que, aqui por estes lados, «o excesso» pode chegar às 12 ou 14 ou quando andamos por fora podemos até considerar que chega às 24, ou não? Depois, tudo depende da visão que temos sobre a coisa. Ou gostamos ou não gostamos daquilo que fazemos. Sempre achei que os professores gostavam. Falando de mim, eu gosto do que faço (muito!!!). Talvez por isso, não consiga digerir essa história de «excessos».
passo a explicar: não é o excesso diário, ou semanal...é o excesso ao fim de anos e anos de serviço.
há muitos que gostam, mas ao fim de horas acumuladas(ao longo dos anos de serviço) a tentar ensinar qq coisa a criancinhas burras (com orgulho de o serem) e extremamente mal-educadas cansam-se do que fazem.
Compreendo que existam muitos professores que atinjam o tal ponto de saturação que os leve à baixa depois de anos e anos a fazer o mesmo, a levar com os mesmos filmes, com as mesmas faltas de educação, com as mesmas criancinhas burras. Mas esta teoria serve na mesma medida para o médico, para o jornalista, para o escritorário, para a senhora das limpezas, etc, etc, etc, que passam anos e anos a levar com os mesmos filmes, com as mesmas faltas de educação, com gente burra e desonesta, etc, etc... E quase sempre a trabalhar muitas horas, muitas vezes sem capacidade financeira para gozar umas férias minimamente decentes, etc. Continuo a considerar que se trata de ter ou não capacidade para suportar o stress a que todos andamos sujeitos nos tempos que correm. Se assim não fosse, nenhum professor resistiria a mais do que cinco/dez anos de ensino; e conheço alguns (talvez a maioria, não sei...) que resistiram, sempre com o mesmo sorriso, sempre com a mesma vontade, sempre com a mesma paixão pela missão que lhes concederam. Por fim, que isto ja vai longo, e com a ressalva de que nada de pessoal me move nestas linhas (a minha tia preferida é professora; o meu melhor amigo também...), aqui fica uma derradeira pergunta: às vezes, não andamos todos cansados? E, por isso, vamos desatar a faltar para aí a torto e a direito? Não podemos, né?
Beijokas grandes, jo; abraço, xano!
Enviar um comentário