15 novembro 2005

Até amanhã, camarada

Não, não éramos amigos. Amanhã vão aparecer muitos. E muitos deles nunca te chegaram a telefonar. Eu também não. Soube, como todos aqui, que estavas muito doente. Fui acompanhando «em diferido». Devia ter telefonado? Não sei. Também nunca poderei chegar a perguntar-te. Imagino apenas que quanto menos «estranhos» te perguntassem sobre o que não querias falar melhor para a tua vida.

Lembro-me de como estavas sempre armado em mal disposto, sobretudo quando a malta chegava de Lisboa, e de como esse ar rezingão escondia uma alegria grande de viver e meia dúzia de gargalhadas sempre prontas a sair para animar um dia quente de trabalho. Quente como o Algarve que também é teu e hoje te vai homenagear em silêncio. Como eu.

Gostei que me tenhas ajudado, ainda que esporadicamente, a amar a reportagem e os jornais, Carlos Vidigal. Um abraço, camarada.

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