31 janeiro 2006

Um sorriso


Tem 25 anos. Um pouco menos que eu, embora me pareça que vivemos sempre juntos. Saiu em DVD «A Balada de Hill Street». Salve!

Ei, ei, ei, ei: let's be careful out there...

22 Out 57 - 31 Dez 05

Será verdade o que diz a poetisa?

E um mês? Um mês é muito ou pouco tempo, mãe?

«Quando

Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de-bailar
As quatro estações à minha porta

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.»

Sophia de Mello Breyner Andresen, 1947

29 janeiro 2006

Ser do Sporting também é...

... pensar com os botões que pode sempre acontecer tudo, não dizer alto para não correr o risco de nos chamarem insanes e depois...

VERMOS AMANHECER UM DOMINGO DE NEVE COMO SE BRILHASSE NO CÉU O SOL MAIS INTENSO DO MUNDO!

Por aqui se prova que tudo é um estado de espírito. Continuaremos a estar «quase» muitas vezes. A perder quando não se espera, a chorar mágoas impensáveis. Mas continuaremos sempre a ter momentos assim, de uma glória fugaz mas saborosa (que não Sabrosa). Quando dizemos alto que estamos vivos depois de já nos terem feito o enterro.

Gostamos de correr por fora, não é, Augusto Inácio e restante malta de 1999/2000?

27 janeiro 2006

Ser do Sporting é...

... querer muito comer couve ao jantar, com o bacalhau, em dia de folga; duvidar, de repente, que a frutaria/mercearia do costume venda couves, apesar da grande qualidade e variedade dos vegetais; entrar no estabelecimento, ao fim da tarde, e ver uma couve portuguesa a sorrir; sorrir para a senhora que não se percebe se está na fila para os legumes; ouvi-la dizer que está e momentos depois ouvi-la pedir a couve; confirmar em seguida o que qualquer sportinguista que se preze já sabia, porque sempre sentiu na carne, como ferro quente, a famosa Lei de Murphy: era a última couve!

25 janeiro 2006

2011 — o futuro é já ali

Visto que diz que não há como ser optimista, deixo-vos aqui o meu novo consolo: Cavaco Silva vai conseguir ser o primeiro presidente da Democracia a falhar a reeleição.

P. S. 1 - Uma palavra amiga para quem votou bem
P. S. 2 - Uma palavra democrática para quem votou mal, acompanhada de um «daqui a uns anos depois vais queixar-te e eu lá terei de te gramar; mas juro que só faço olhares trocistas uma vez!»
P. S. 3 - Um grande «vai à merda» a quem podia votar bem e preferiu não o fazer. Estes não-democratas não têm sequer direito de queixar-se. Mainada!

22 janeiro 2006

Hermanos espertos

A notícia espanta-nos: em Espanha foge-se ainda mais ao Fisco que em Portugal.

A notícia espanta mas, paradoxalmente, não consola. Antes pelo contrário: acabamos de perder mais uma das fortes explicações para o nosso atraso secular. Se mesmo com fugas superiores eles são tão melhores, que esperança podemos ter no futuro?

Eu digo, mas baixinho: fingir que o 1 de Dezembro de 1640 não existiu e assinar um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez apenas relativo à Península Ibérica e, ao contrário do outro, para juntar e não para dividir. O Governo fica em Madrid, boa?

21 janeiro 2006

Pérolas

«— Ricardo não tem as botas ligadas, está é a aquecer o pé para ver se suporta as dores

— É, Valdemar, as botas são é brancas. Não estão ligadas.»

Era o momento do ano em televisão, eu sei, mas caríssimos «TVI's»: já há muito tempo que não se vê alguém ligar os pés com as ligaduras por cima dos sapatos, topam?

Combinação irresistível

A Scarlett Johansson adora queijo. E deixou o Tom Cruise pendurado quando este, num jantar a propósito de um filme, levou dois ou três lá daquela equipa da cientologia para tentar convertê-la.

Já disse que ela adora queijo? E que até diz que sonha e tudo, e não pode passar sem?

Eu sabia que havia razões para lá das óbvias para andar a falar nela há tantos anos. Vou ver o Match Point.

20 janeiro 2006

Foda-se, pá. Ou então não...

A dinâmica das sondagens dava-me esperança, mas acabam de anunciar as últimas e o Acabado parece que ganha com 53%, segundo os números Eurosondagem e Marktest. Andam às turras com o segundo classificado, mas isso só conta para dizer aos netos.

Puta que pariu as sondagens. PORTUGAL, É HORA DE SAÍRES À RUA. Depois de domingo não terás oportunidade de mudar. Amargarás durante dez anos um mono como presidente. Um boneco empalhado que não sabe rir nem comer. Um espantalho que não tem opinião sobre nada (Portugal: antes de te arrependeres, lê a crónica do Mega Ferreira na Visão desta quinta).

Vá lá, País...

19 janeiro 2006

Figas, muitas figas

Ai caramba, se houver segunda volta nas presidenciais eu volto a comprar o DN apesar de terem acabado com o DNa e volto a ouvir mais TSF que Radar, pá. Ai volto, volto. Não é promessa do tipo religioso, é só gratidão face a quem me tem feito ter esperança na vida nos últimos dias...

«Tendência de queda» e «limiar da maioria absoluta». E FALTAM TRÊS DIAS! Muita féééééé

15 janeiro 2006

Vai um cravinho, senhor Silva?


Entrou na fase do desespero. Que outra razão levaria Cavaco Silva a dizer que «o povo é quem mais ordena?». Muita fééééé.

E se de repente a vida voltar a fazer sentido?

Tentei a todo o custo ainda não dizer isto alto, mas não consigo — a minha vida, as nossas vidas, a vida do País estão perto de recomeçar a fazer algum sentido: Cavaco Silva desce nas sondagens a uma semana das presidenciais!

Era previsível. Com campanha em marcha a sério, as limitações ficam mais à mostra. Talvez os portugueses não queiram, afinal, ver o Mundo todo através de investidores, confianças, investimentos, capitais, administrações, bolsas, empresas, OPAs, break evens, cash flows, empresários, moeda, barris de petróleo, défices, impostos, dotações, gestores, estratégias, grupos económicos, compras, importações, exportações, qualificações, empresários e políticos que só sabem falar disto.

Talvez queiramos ser vistos como CIDADÃOS com angústias, estados de alma, inteligência, capacidade artística, gostos culturais, amores, desamores, emoções, sentimentos, tendência para partilha em sociedade, necessidade de lazer, filhos, pais, avós, inquietações, dúvidas, gosto de viver.

Somos gente que precisa de boa parte do que está lá em cima, mas somos sobretudo pessoas e não números. É por isto que vou votar em qualquer um que não Cavaco Silva.

MUITA FÉÉÉÉ*

*até porque se houver segunda volta cheira-me a vitória do «qualquer um» que lá chegar com o prof.

12 janeiro 2006

...e porque não sonhar, só?

Porque me diz o calendário que passaram quase duas semanas quando ainda há bocado — ainda ontem, vá lá — eras viva?

Agora que deixei de sonhar contigo todas as noites é do pensamento que não me sais enquanto estou acordado. Confirma-se: os sonhos suportam-se melhor que a realidade.

O que é isto?

Leio com maior atenção as notícias sobre a morte daquele rapaz de 19 anos que foi empurrado para a linha de comboio e repito a pergunta (na verdade de retórica) ainda mais vezes: esta merda toda não faz mesmo sentido nenhum, pois não?

E porque a vida só segue em frente...

O tempo não pára, por muito jeito que isso nos desse. Em período de sorriso difícil (embora possível), vale a pena anotar uma pequena vitória do meu rebento: saltou da cama de grades sem se magoar e (a vitória é esta...) apareceu-nos no quarto para concretizar aquilo por que berrava há 20 minutos — dormir com os pais. Como recusar depois de tanto esforço?

Well done, kid;-)

04 janeiro 2006

Chuva, sol, água e um sorriso para sempre

Aposto que chovia em Évora quando desististe de sofrer. Nos dois dias seguintes fez muito frio e também choveu. Foram os dias mais frios da minha vida. Tinha gasto as lágrimas enquanto vivias, sobraram poucas, ficou um olhar meio ausente, entre um ontem quase esquecido e um amanhã que ainda vou demorar tempo a entender.

Recebi centenas de abraços, por todas as vias possíveis. Foram pingos de felicidade. Já desconfiava que é importante ter gente a gostar de nós; agora tenho a certeza. Não vou dizer que tu eras a pessoa que queria abraçar naqueles dias. Porque te abracei enquanto foi tempo. E vou abraçar sempre que quiser. Eu sei.

Fiquei aliviado por te ter repetido «gosto muito de ti» antes do último beijo das nossas vidas. Acho que o esforço que então fizeste para virar a cara e olhar-me vinha acompanhado de um «eu também». Acho não - tenho a certeza. No fundo, ambos sabíamos que ia acontecer nas horas seguintes, não era?

Não fugi para Lisboa. Apenas quis ver os olhos do meu bebé sorrirem e dar-te a certeza de que o levaria a ver a avó no domingo seguinte, se tivesse havido domingo. Mas ambos sabíamos que não ia haver. Houve apenas um dia qualquer de chuva.

Ao terceiro dia houve sol. Um sol muito brilhante. Disse-te adeus quando passámos pelo sítio do piquenique do Dia da Mãe. A água da barragem brilhava quase tanto como o teu sorriso.

Passaram muitas horas e consigo finalmente voltar a chorar.