A política de causas tem as suas contradições. Depois de alguns anos a lutar, muito justamente, pela equiparação das uniões de facto aos casamentos de papel passado, eis que a ordem do dia é marcada por um pedido de casamento de um casal homossexual.
A pretensão, quanto a mim, é igualmente justa. Sou fortemente partidário da liberdade até onde não incomodar ou prejudicar os outros. E duas mulheres casarem-se não prejudica obviamente ninguém.
Não preciso, contudo, de fazer um grande esforço para me colocar na pele (e na mente) de pessoas menos... flexíveis, ou religiosamente mais convictas, e perceber o quanto podem ficar chocadas com a possibilidade de (na óptica delas) subverter uma instituição como o casamento, para o bem e para o mal um pilar fundamental da vida social ocidental.
A minha questão é: se a malta mais moderna e arejada faz, há tantos anos, tanta gala em abominar o casamento e em apregoar que é igual juntar-se ou casar-se, interessa é o amor e a cabana, então para quê o finca-pé no casamento dos homossexuais? Não seria mais eficaz concentrar esforços na luta pela efectiva igualdade de direitos em relação a um par heterossexual que viva em comum — heranças, assistência na doença, possibilidade de adopção, etc.? Isto sim, é imperioso numa sociedade moderna. Agora lá o casamento... só se for por uma questão simbólica, que como se sabe vale muito pouco quando confrontada com os costumes.
P. S. - OK, confesso: já estou um bocadinho farto das duas senhoras que hoje inundaram jornais, rádios e TV. Mas penso mesmo o que disse acima.
01 fevereiro 2006
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1 comentário:
Concordo contigo, mas a porra toda é que, enquanto luta social, o casamento tem mais força do que a união de facto. E, por enquanto, ainda garante mais (e mais reais) direitos para ambos os envolvidos na coisa. Se eu posso, porque é que eles e elas não podem... Acho que a questão passa mais por aí...
Olhe, amigo, entretanto lancei-lhe um desafio lá no cantinho. Se não achar piada (eu não acho muita, mas pronto...), sigaaaa! para a frente ;)
Abraço :)
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