10 agosto 2003

Roma

Dia cansativo. O papa, afinal, foi de férias para Castelgandolfo, onde tem uma casota. Também não entrámos na Basílica de São Pedro porque íamos de calções. É giro, isto de se ser uma cidade viradíssima para o turismo, cozer-se ao sol — que não mata mas mói — e depois não se deixar entrar as pessoas num dos principais monumentos porque não vão vestidas como a Igreja Católica, parada algures na Idade Média, queria que todos andassem. Estranho é que deixam entrar mulheres de calças. Se eu mandasse não sei seriam admitidas tais modernices.
A Praça de São Pedro é sem dúvida bonita e imponente, como quase tudo por aqui. Ficou por provar a carga mística e a força que pode eventualmente exercer sobre um pobre ateu. Talvez um dia que o senhor esteja em casa.
Não sei se por João Paulo II estar fora ou não, entendeu o Vaticano encerrar a Capela Sistina nos domingos de Agosto. Outra má surpresa. O consolo é que não entraria na mesma, a avaliar pelo letreiro que também ali proibia os calções. Quero voltar, de qualquer modo, provavelmente já amanhã.
Entre pontapés em pedras à procura de assunto para o jornal, almoço na Piazza Navona com o pessoal todo. A Magda juntara-se-nos cedinho, depois do flop da basílica, ainda a tempo de bater com o nariz na porta por onde Miguel Ângelo entrou para pintar o tecto da tal capela.
Depois de almoço volta pela Fontana de Trevi, pela Piazza de Spagna das passagens de modelos, pela rua das casas dos mais famosos estilistas do Mundo, onde vi umas cuecas de mulher de fazer perder a cabeça. E onze contos, caso tivesse decidido comprá-las. Passagem pelo mausoléu do imperador Augusto, regresso ao hotel para apanhar o carro e zarpar até Formello, o Alcochete da Lazio. Passamos pelo Estádio Olímpico em nova prova de reconhecimento do caminho. É bom andar um bocado de carro depois de uns bons quilómetros a pé. Melhor ainda quando os percursos correm bem, como foi o caso até Formello.
O regresso, já de noite, foi pior. Houve engano no caminho para o hotel, alguns nervos, o tempo a passar e uma página para escrever. Como sempre, tudo se resolveu. Mas tarde, razão pela qual já nem saí para jantar. Duas sandochas competentes do room service e caminha. Uma da manhã — uma boa forma de recuperar energias e horas de sono.

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