08 agosto 2003

Norcia, Itália

Finalmente uma promessa cumprida. A hora (3 da manhã em Itália, 2 em Portugal, já de 9 de Agosto em bons rigores matemáticos) impede à partida grandes devaneios, obriga à concisão. Se calhar não comecei isto mais cedo por achar que teria de ser uma obra literária. De cada vez que até hoje tentei lembrar-me de sítios por onde passei — e felizmente já foram alguns — veio a frustração de ter esquecido nomes. Não apenas de ruas, restaurantes, praças ou hotéis, mas também de cidades. Só faltou esquecer países, mas se calhar um dia lá iria. Agora espero já não chegar aí.
Não será portanto uma obra literária, mas apenas uma forma de não perder tudo o que a vida me vai dando. Fica como registo de impressões. Estas podem ser ligeiras, como as que se seguem, ou mais demoradas. A ver vamos.
Cheguei a Roma, Aeroporto Fiumicino, ontem a meio da tarde. Eu e o Rui Raimundo, que viemos para tratar do estágio da Lazio de Roma que daqui a uns dias joga com o Benfica, esperámos uma hora pelas malas. Civilizadamente, não se podia fumar no aeroporto. Se calhar também é civilizado esperar uma hora pela mala num sítio sem ar condicionado, é tudo uma questão de nos habituarmos à Europa dos 15 que daqui a nada serão 25.
Chegadas as malas, faltava encontrar o balcão da Avis para apanhar o carro alugado que nos traria a Norcia. Sem exagero, andámos um quilómetro, ou mais, dentro do aeroporto. Estava tudo indicado, nenhuma queixa nesse aspecto. Havia a cada esquina a seta com o «rent a car». Só faltou dizerem que era longe como o raio!
Apanhado o automóvel, Seat Ibiza cinzento a estrear, perguntámos (em inglês...) como poderíamos chegar a Norcia. Brincaram com o facto de termos de levar um presunto como pagamento — já tinha lido no guia American Express que era a terra do presunto — e lá nos deram preciosas informações mais um mapa de Itália.
Não saímos do trajecto, a não ser quando o Rui se assustou por não ver uma placa a dizer Norcia na cidade onde devíamos virar, e tudo seguiu calmo. Estrada de montanha, a noite a cair sem sabermos bem o que poderíamos escrever para a edição de A BOLA do dia seguinte, mas pouco stresse.
Chegados aqui, percebemos que o hotel da Lazio — do Sérgio Conceição acabado de assinar e do Fernando Couto — é a 50 metros do nosso. Óptimo!
Tempo de jantar, que o serviço haveria de ser feito em Lisboa. O jantar-ceia foi no primeiro restaurante ao qual achámos alguma piada. Mais gaffe menos gaffe no italiano, comemos bem. Falei com o Sérgio Conceição pelo telefone, confirmei que treinavam no outro dia de manhã e pré-combinei uma entrevista.
Hoje de manhã deparámo-nos com equipa de reportagem do Record: João Rui Rodrigues e Pedro Ferreira. Já tínhamos companhia. Durante o dia despachámos o serviço, com entrevista ao Conceição que acabou por ser conjunta e meia dúzia de palavras trocadas com o Couto, que só aceitou falar sobre a chegada do Sérgio e nada mais — nem sequer o jogo com o Benfica, que se aproxima.
Jantámos tarde, na esplanada de um sítio simpático desta vila paradíssima. Havia um baile qualquer na praça principal que acabou à meia-noite. Esta terra, além de ser a do presunto, é a terra natal de São Bento.
Por indicação de um empregado do restaurante encontrámos um pub simpático onde bebemos duas ou três cervejas até agora. O Chapinhas veio logo para o hotel. É foleiro, o ar condicionado não funciona e o pequeno-almoço é uma merda. Vale que por aqui sente-se o fresco da noite, depois de dias e noites de calor insuportável em Lisboa. E que amanhã vamos para Roma, portanto não dói muito.
Chega. Até ficou grande de mais, mas como é só para mim não faz qualquer tipo de mal. Falta o nome dos restaurantes onde comemos, mas isso talvez só valha mesmo a pena quando merecerem nova visita. Estes, nem sim nem não. Bastará lembrar que ficam no centro histórico e se for preciso cá os encontraremos um dia.
Amanhã há treino da Lazio de manhã e viagem para Roma. Lá daremos de caras com o Pedro Miguel Azevedo e o Jorge Carmona, de O Jogo, e a minha querida Magda Magalhães, do Maisfutebol.
Gostava de saber desenrascar-me em italiano, mas isto não vai nem à lei da bala. Irá à lei da necessidade, porque se o Peruzzi, guarda-redes da Lazio, falar comigo terei de escrever algo para o jornal... Detesto esta sensação de impotência em algo que deveria ser capaz de fazer. É por estas e por outras que prefiro Espanha, França, Inglaterra ou um outro país qualquer que não tenha a mania que está no mapa linguístico mundial e portanto permita que se fale em inglês com os seus nativos. Este conceito abarca os destinos mais estranhos mas também países de ponta como Alemanha ou Holanda.
Bonna notte... (será assim que se escreve?)

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