27 março 2005

Terri, Ramón e D. José Policarpo

D. José Policarpo é um homem da Igreja com quem se pode conversar. Ou melhor, de quem se podem ouvir as ideias, visto que em boa verdade nunca tive o privilégio de falar com ele. Mesmo sendo moderno na sua visão do Mundo, não era justo esperar da parte dele outra coisa senão a condenação da eutanásia e do aborto. Mas dizer que «se está a acabar com a vida quando ela é exigente e difícil» parece-me um pouco redutor. Senhor cardeal, «exigente e difícil» é a vida de 95 por cento de nós. Não me parece propriamente a caracterização da «vida» de Terri Schiavo ou da existência de Ramón Sampedro, embora ao galego ainda lhe valessem a lucidez e a consciência. Olho para a fotografia da norte-americana no dia do seu casamento, no Público de hoje; lembro-me das imagens que têm aparecido na televisão daquilo que ela é actualmente e não hesito em concordar com os juízes. De boa vontade eu próprio lhe retiraria o tubo que a mantinha artificialmente ligada a qualquer coisa que não consigo chamar de vida. Mas respeito quem pense o contrário, a não ser, claro, George W. Bush, que há muito deixou de merecer o respeito dos outros.

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