16 março 2005

E pagam-lhes para comentar, não é?

Dias Ferreira, Guilherme Aguiar e Fernando Seara (a ordem tem apenas a ver com o tema e as intervenções em questão) são pagos para comentar, com ar de comensais de café e cheios de private jokes, a pretensa «actualidade desportiva da semana» num programa televisivo de segunda-feira à noite do qual nem recordo o nome mas que me aconteceu nele esbarrar ontem mesmo. Adiante: Pedro Mourinho, o moderador, perguntou a Dias Ferreira o que tinha, afinal, ganho o Sporting em trocar Fernando Santos por José Peseiro. O ilustre sportinguista riu-se e disse que «está à vista», secundado por Guilherme Aguiar. Acrescentou Dias Ferreira que «é verdade que tinha mais pontos, mas onde é que já ia na corrida pelo título?» Pois bem: ia a sete pontos do então líder, FC Porto, apenas mais um do que os que o separam actualmente do Benfica. Com duas diferenças porventura determinantes: este ano há mais equipas entre o Sporting e o líder; e no ano passado ainda ia receber ambos os rivais históricos, enquanto este ano recebe o FC Porto e desloca-se ao terreno do actual primeiro classificado. Fernando Santos não é bem parecido (Peseiro também não, de facto) nem pertence à alegada nova vaga de treinadores portugueses cheios de modernidade e fatos Armani. Mas escusava de pagar pelo que fez e pelo que não fez. É certo que no fim das contas ficou em terceiro lugar; mas Peseiro arrisca-se a muito pior (embora possa igualmente ganhar). E nesta altura do campeonato tinha tantas ou mais hipóteses de êxito que a actual equipa. Com outras duas diferenças relevantes: mais 16 pontos conquistados e o melhor FC Porto de sempre pela frente. Querem pagar-me para falar de algo que não domine muito bem, embora possa ter vagas ideias? Aceito propostas.

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