Há as vertigens. Depois há os momentos em que planamos, leves e seguros, momentos em que reconhecemos o que está lá em baixo e gostamos de andar lá em cima, na convicção de uma aterragem feliz.
Depois há outra vez as vertigens. Rápidas, vorazes, alucinantes.
Há as esperanças e os medos. A esperança de já sermos melhores, agora que sabemos mais de nós, e o medo de nunca o conseguirmos ser, agora que continuamos um mistério tão grande.
Há as certezas dos afectos eternos e as incertezas do mapa de nós que dificilmente decifraremos em vida e certamente nos será vedado depois da morte, porque mortos estaremos.
Há o consolo de um abraço, o conforto de uma palavra ou de um silêncio. Há o temor de um abraço, o desconforto das palavras e dos silêncios.
Há uma corda bamba sobre a qual, loucos por nós próprios, até chegamos a correr. Depois há uma estrada firme onde mal nos atrevemos a dar um passo com medo que a terra se abra de repente. Ou se reabra de repente.
Há âncoras às quais nos agarramos e sabemos que não nos deixarão ir ao fundo, por mais que o mar nos açoite. Há ondas que nos levam sem percebermos quando nos enrolaram ou quando já somos só uma parte da espuma que abraça a areia das praias.
Há muito, há tanto! E por haver tanto, por haver muito, há que caminhar. Nadar, flutuar, planar e voar.
Aterraremos todos no mesmo sítio. Já sem olhos, então, para ler o nosso mapa.
26 fevereiro 2008
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2 comentários:
Hã? :)
Pronto, ainda bem que isto não vai a concurso...
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