26 janeiro 2008

Se a noite falasse...

... nem era preciso álcool ou drogas. Bastava alguém reparar no meu ar aflito enquanto procuro no trânsito um carro como o teu. O teu carro, que quase sempre sei onde está, que às vezes está tão perto. Era suficiente alguém perceber que vejo a tua sombra a cada recorte que as luzes me oferecem reflectido no chão que dorme, pardo, negro. Tem sempre cabelos a beijar os ombros, esta sombra - ancas, botas, um cigarro e uma mão que o agarra para depois, indicador e médio a fumegar nas pontas, ajeitar a madeixa de cabelo que também quer acariciar a face. Olho, passo, espreito outra vez e é só mais uma sombra. Quantas faltarão até seres tu?

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