20 dezembro 2009
Notas de um dono de casa IV
Foi inteligente ter perguntado, antes de tentar branquear uns panos de cozinha, se a líxívia se utilizava pura ou duluída em água.
Notas de um dono de casa III
Esta não é de todo mito urbano: gravatas não se lavam na máquina, idiota!
Notas de um dono de casa II
Apesar da emoção do vinho desaparecido, aprendi que aquilo de não misturar peças de cor com brancas tem um fundo de verdade, é mais que mito urbano. Pode ter sido ilusão de óptica, é uma questão de deixar secar. Caso contrário... o Ikea fica perto e estou de férias. E a capa para a cadeira é barata. O pior é a camisa branca, duas tshirts minhas, outra do miúdo...
Notas de um dono de casa I
As nódoas de vinho são um mito. Pelo menos se antes forem regadas com aqueles sprays para nódoas difíceis. Cobertura da cadeira ikea sem rasto do tinto que lá caiu.
19 novembro 2009
12 novembro 2009
Redenção I (e porque não sei escrever tão bem como ele. E como ela. Como eles todos)
Foste como quem me armasse uma emboscada
Ao sentir-me desatento
Dando aquilo em que me dei
Foste como quem me urdisse uma cilada
Vi-me com tão pouca coisa
Depois do que tanto amei
Resgatei o teu sorriso
Quatro vezes foi preciso
Por não precisares de mim
E depois, quando dormias
Fiz de conta que fugias
E que eu não ficava assim
Nesta dor em que me vejo
De nos ver quase no fim
Foste como quem lançasse as armadilhas
Que se lançam aos amantes
Quando amar foi coisa em vão
Foste como quem vestisse as mascarilhas
Dos embustes que se tramam
Ao cair da escuridão
Resgatei o teu carinho
Quatro vezes fiz o ninho
Num beiral do teu jardim
E depois, já em cuidado
Vi no espelho do passado
A tua imagem de mim
E esta dor em que me vejo
De nos ver quase no fim
Foste como quem cumprisse uma vingança
Que guardavas às escuras
Esperando a tua vez
Foste como quem me desse uma bonança
Fraquejando à tempestade
De tão frágil que se fez
Resgatei o teu ciúme
Quatro vezes deitei lume
Ao teu corpo de marfim
E depois, como uma espada
Pousei na terra queimada
O meu ramo de alecrim
E esta dor em que me vejo de nos ver perto do fim.
Sérgio Godinho, in "Emboscadas"
Ao sentir-me desatento
Dando aquilo em que me dei
Foste como quem me urdisse uma cilada
Vi-me com tão pouca coisa
Depois do que tanto amei
Resgatei o teu sorriso
Quatro vezes foi preciso
Por não precisares de mim
E depois, quando dormias
Fiz de conta que fugias
E que eu não ficava assim
Nesta dor em que me vejo
De nos ver quase no fim
Foste como quem lançasse as armadilhas
Que se lançam aos amantes
Quando amar foi coisa em vão
Foste como quem vestisse as mascarilhas
Dos embustes que se tramam
Ao cair da escuridão
Resgatei o teu carinho
Quatro vezes fiz o ninho
Num beiral do teu jardim
E depois, já em cuidado
Vi no espelho do passado
A tua imagem de mim
E esta dor em que me vejo
De nos ver quase no fim
Foste como quem cumprisse uma vingança
Que guardavas às escuras
Esperando a tua vez
Foste como quem me desse uma bonança
Fraquejando à tempestade
De tão frágil que se fez
Resgatei o teu ciúme
Quatro vezes deitei lume
Ao teu corpo de marfim
E depois, como uma espada
Pousei na terra queimada
O meu ramo de alecrim
E esta dor em que me vejo de nos ver perto do fim.
Sérgio Godinho, in "Emboscadas"
30 outubro 2009
Verso a verso, tirado do disco, para perceber bem todas as palavras
Menina
Em teu peito sinto o Tejo
E vontades marinheiras de aproar
Menina
Em teus lábios sinto fontes
De água doce que corre sem parar
Menina
Em teus olhos vejo espelhos
Em teus cabelos nuvens de encantar
E em teu corpo inteiro sinto o feno
Rijo e tenro que nem sei explicar
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina para sobrar
Aprendi nos esteiros com Soeiros
E aprendi na fanga com Redol
Tenho no rio grande o mundo inteiro
E sinto o mundo inteiro no teu colo
Aprendi a amar a madrugada
Que desponta em mim quando sorris
És um rio cheio cheio de água lavada
E dás rumo à fragata que escolhi
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero-te tanto
Que não vai haver menina para sobrar
Pedro Barroso, "Menina dos Olhos de Água"
Em teu peito sinto o Tejo
E vontades marinheiras de aproar
Menina
Em teus lábios sinto fontes
De água doce que corre sem parar
Menina
Em teus olhos vejo espelhos
Em teus cabelos nuvens de encantar
E em teu corpo inteiro sinto o feno
Rijo e tenro que nem sei explicar
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero-te tanto
que não vai haver menina para sobrar
Aprendi nos esteiros com Soeiros
E aprendi na fanga com Redol
Tenho no rio grande o mundo inteiro
E sinto o mundo inteiro no teu colo
Aprendi a amar a madrugada
Que desponta em mim quando sorris
És um rio cheio cheio de água lavada
E dás rumo à fragata que escolhi
Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero-te tanto
Que não vai haver menina para sobrar
Pedro Barroso, "Menina dos Olhos de Água"
24 outubro 2009
É Natal
É Natal. Umas luzes toscas envoltas em papel celofane colorido na estação do metro provam-no. Chegou mais tarde, este ano, porque só agora começou a ser Outono. Mas chegou bem a tempo de pesar de novo, como mil pedras ancestrais, sobre os ombros dele. Natal não é quando um homem quiser. Natal é quando as crianças nos obrigam a pensar na hipótese de querer algo que já se não quer fazer. Natal é quando o cheiro do fumo das lareiras reconforta e a azáfama entretém. Natal é, também, quando os nossos mortos nos visitam com maior frequência. Natal é quando se chora com maior facilidade, a olhar o fogo, lembrando o que já ficou "debaixo das cinzas", como ela escreveu ainda nem há 12 horas. Ela escreve tão bem...
Natal foi quando ele entrou no carro e foi atrás do fumo, do cheiro, da azáfama e da criança quando ali já não era o lugar dele. Atrás do carro e daquela estrada terá deixado, a apagar-se de repente, quase se fundindo, uma luz que nunca saberá até que ponto poderia um dia alumiá-lo.
Natal tinha sido também, antes, quando a mãe já não conseguia passar dez minutos sentada à mesa e o bacalhau dela estava lá, no prato, para lembrar outros Natais, quem sabe se numa tentativa de que levasse na grande viagem a imagem do que foram sempre os Natais dela. Nesse Natal ele tinha ido – não varia – atrás da criança, do cheiro do fumo, da azáfama, do vinho. E por isso a mãe não o levou no quadro do Natal, nessa viagem que não tardaria a começar. Porque já não podia sentar-se à mesa e comer o bacalhau. Porque já não conseguia falar e não queria começar outro ano. Não começou.
A mãe visita-o todos os Natais. E noutros dias também, muitos. Se calhar – porque Natal não é quando um homem quiser mas um homem pode querer, um dia, dizer-lhe não — se calhar, pensa ele, desta vez tem de avisar a mãe para aparecer noutra lareira. Também terá cheiro a fumo e chamas vivas. Terá frio e vinho. Mas não terá azáfama, é quase certo. E pode não ter criança. E se não tiver criança não tem sonhos. E os sonhos, pensa ele, às vezes podem muito bem ficar sossegadinhos nas suas caixas fechadas que ninguém dará pela falta deles. Pelo menos neste Natal.
Natal foi quando ele entrou no carro e foi atrás do fumo, do cheiro, da azáfama e da criança quando ali já não era o lugar dele. Atrás do carro e daquela estrada terá deixado, a apagar-se de repente, quase se fundindo, uma luz que nunca saberá até que ponto poderia um dia alumiá-lo.
Natal tinha sido também, antes, quando a mãe já não conseguia passar dez minutos sentada à mesa e o bacalhau dela estava lá, no prato, para lembrar outros Natais, quem sabe se numa tentativa de que levasse na grande viagem a imagem do que foram sempre os Natais dela. Nesse Natal ele tinha ido – não varia – atrás da criança, do cheiro do fumo, da azáfama, do vinho. E por isso a mãe não o levou no quadro do Natal, nessa viagem que não tardaria a começar. Porque já não podia sentar-se à mesa e comer o bacalhau. Porque já não conseguia falar e não queria começar outro ano. Não começou.
A mãe visita-o todos os Natais. E noutros dias também, muitos. Se calhar – porque Natal não é quando um homem quiser mas um homem pode querer, um dia, dizer-lhe não — se calhar, pensa ele, desta vez tem de avisar a mãe para aparecer noutra lareira. Também terá cheiro a fumo e chamas vivas. Terá frio e vinho. Mas não terá azáfama, é quase certo. E pode não ter criança. E se não tiver criança não tem sonhos. E os sonhos, pensa ele, às vezes podem muito bem ficar sossegadinhos nas suas caixas fechadas que ninguém dará pela falta deles. Pelo menos neste Natal.
25 abril 2009
Obrigado a todos os que a inspiraram nestas palavras
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E juntos habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen, 1974
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E juntos habitamos a substância do tempo
Sophia de Mello Breyner Andresen, 1974
26 fevereiro 2009
Uma caixa de Kompensan para a Time Out
Juro que andava há semanas e semanas para fazer o teste: será Rui Monteiro (nada de pessoal, não conheço) capaz de dizer bem de um filme? Um, unzinho, apenas uma unidade?
Admito que sim, que algures por entre este ano e tal de revista tenha acontecido (não vale clássicos consensuais ou coisas típicas de intelectualóides, OK?). Mas a intuição de vez em quando é certa, e eis senão quando fiz as contas pelos dedos: RM apreciou 5 filmes na edição desta quarta-feira. Cinco. Disse mal de quatro e meio. O meio é «A Dúvida» - mas também não disse bem.
Pergunta inteligente:
- Escuta, Xano, sabes de cor o nome de mais algum crítico de cinema da Time Out?
Resposta possível:
- Na verdade não. Mas quando o leio é óbvio que não acredito. O que me leva a procurar noutros lados informação relevante sobre possíveis idas ao cinema. E ao mesmo tempo me impele a enviar uma caixa de Kompensan para a Avenida da Liberdade.
Um «mas»:
- Mas não concordas que vale a pena adoptar o estilo Rui Santos e ser 'odiado' (cuidado com o sentido, não conheço a pessoa parte II) em vez de se ser mais um perfeito desconhecido?
Fim da história:
- Talvez. No caso do RM, depende da possibilidade de algumas vez ter sido feliz a ver um filme. Eu já fui e gosto disso.
Admito que sim, que algures por entre este ano e tal de revista tenha acontecido (não vale clássicos consensuais ou coisas típicas de intelectualóides, OK?). Mas a intuição de vez em quando é certa, e eis senão quando fiz as contas pelos dedos: RM apreciou 5 filmes na edição desta quarta-feira. Cinco. Disse mal de quatro e meio. O meio é «A Dúvida» - mas também não disse bem.
Pergunta inteligente:
- Escuta, Xano, sabes de cor o nome de mais algum crítico de cinema da Time Out?
Resposta possível:
- Na verdade não. Mas quando o leio é óbvio que não acredito. O que me leva a procurar noutros lados informação relevante sobre possíveis idas ao cinema. E ao mesmo tempo me impele a enviar uma caixa de Kompensan para a Avenida da Liberdade.
Um «mas»:
- Mas não concordas que vale a pena adoptar o estilo Rui Santos e ser 'odiado' (cuidado com o sentido, não conheço a pessoa parte II) em vez de se ser mais um perfeito desconhecido?
Fim da história:
- Talvez. No caso do RM, depende da possibilidade de algumas vez ter sido feliz a ver um filme. Eu já fui e gosto disso.
22 fevereiro 2009
Uma ou duas vezes por ano lembram-se
A verdadeira doença nacional - vulgo benfiquite aguda com manifestações em muito mais planos do que seria desejável - voltou em força este domingo.
O Liedson anda a marcar golos consecutivamente desde 2003. Até ontem já tinha aviado oito vezes o Benfica, por exemplo. É o segundo melhor marcador da Liga e já esteve lesionado esta época.
Pelo meio naturalizou-se português e levantou-se, meio a medo, a questão de poder representar a Selecção Nacional. Meio a medo não - muito a medo.
De repente o Levezinho espeta mais duas bolachas no Benfica e eis que a Opinião Pública se inunda de comentários, insinuações, propostas e dicas no sentido de Portugal poder ter um ponta-de-lança na equipa.
Pode ver-se a coisa pelo lado da grandeza do Benfica - tão grande tão grande tão grande que só se repara a sério num jogador adversário quando ele lhe faz golos. Eu cá vejo mais pelo lado da saloiice nacional, mas é só uma opinião...
18 fevereiro 2009
É só uma ideia
Falar sozinho (baixinho, vá...) é uma característica de gente inteligente. Tendo isso em conta, não era interessante que num espaço partilhado as pessoas, por exemplo, mudassem de cor quando o estão a fazer? Ou pelo menos um sinalito na testa, azul, ou assim. É só uma ideia...
Quem sabe esta?
Um árbitro italiano levou um balázio na cara e ficou semi-inconsciente. Os jogadores tiveram bom senso e pararam o jogo. Mas a verdade é que o árbitro não mandou parar o jogo e é a única autoridade em campo. E se eles têm continuado? Destas é que eu gostava de ver o Conselho de Disciplina e os seus primos resolverem! Agora cá cotoveladas e simulações...
17 fevereiro 2009
Receituário para desencantados da vida
Isto é para vocês, que se queixam das rotinas e de ter uma vidinha e é sempre tudo igual e tudo o mais e etc.
Jovem, se padeces de casamento aborrecido e estás farto de entrar no trabalho a horas normais e sair a horas mais ou menos normais (nunca são tanto como as de entrada, já se sabe...); se estás aborrecido por só poder ir ao supermercado aos fins-de-semana quando anda por lá muita gente; se te atormenta não ter tempo para ir ao banco a não ser que te levantes às seis e meia da manhã; se te angustiam as filas para comprar bilhetes de cinema ao sábado ou ao domingo; se não te importas de não poder ver o teu clube na bancada ou mesmo na TV; se já não aguentas pensar no que vais fazer para o jantar
Experimenta:
Trabalhar num diário que fecha muito tarde; poder dormir de manhã (se não tiveres filhos, claro, ou a(o) tua/teu mulher/marido tratar dele); não ver o teu filho crescer; não ir ao cinema de todo, porque ao dia de semana descobre-se sempre mais tarefas para cumprir e burocracias para satisfazer; ir ao supermercado pelo menos uma vez por semana e ter caminho livre para desbaratar dinheiro; não pôr os pés num estádio durante meses; não ver os amigos e faltar às festas de anos deles; não passar fins de semana românticos
Bastam dois anitos. Depois voltas à vida anterior e a gente conversa, sim?
Jovem, se padeces de casamento aborrecido e estás farto de entrar no trabalho a horas normais e sair a horas mais ou menos normais (nunca são tanto como as de entrada, já se sabe...); se estás aborrecido por só poder ir ao supermercado aos fins-de-semana quando anda por lá muita gente; se te atormenta não ter tempo para ir ao banco a não ser que te levantes às seis e meia da manhã; se te angustiam as filas para comprar bilhetes de cinema ao sábado ou ao domingo; se não te importas de não poder ver o teu clube na bancada ou mesmo na TV; se já não aguentas pensar no que vais fazer para o jantar
Experimenta:
Trabalhar num diário que fecha muito tarde; poder dormir de manhã (se não tiveres filhos, claro, ou a(o) tua/teu mulher/marido tratar dele); não ver o teu filho crescer; não ir ao cinema de todo, porque ao dia de semana descobre-se sempre mais tarefas para cumprir e burocracias para satisfazer; ir ao supermercado pelo menos uma vez por semana e ter caminho livre para desbaratar dinheiro; não pôr os pés num estádio durante meses; não ver os amigos e faltar às festas de anos deles; não passar fins de semana românticos
Bastam dois anitos. Depois voltas à vida anterior e a gente conversa, sim?
04 fevereiro 2009
O português da REN
Dei com isto na Visão da semana passada, mas é provável que pulule por outros lados.
Anúncio da REN (Redes Energéticas Nacionais, a cheirar a dinheiro de contribuinte e cliente, portanto) a dizer (e bem) que tem muito cuidadinho com as cegonhas e os seus ninhos: Localização PREvilegiada.
Há necessidade? Quem tem culpa, além do degradante e degradável sistema de ensino? A agência que produziu o anúncio, os senhores da REN que o aprovaram e mesmo, neste caso, os senhores da Visão que o deixaram publicar assim.
Gente com lugares PREvilegiados na vida devia saber escrever privilégio...
Anúncio da REN (Redes Energéticas Nacionais, a cheirar a dinheiro de contribuinte e cliente, portanto) a dizer (e bem) que tem muito cuidadinho com as cegonhas e os seus ninhos: Localização PREvilegiada.
Há necessidade? Quem tem culpa, além do degradante e degradável sistema de ensino? A agência que produziu o anúncio, os senhores da REN que o aprovaram e mesmo, neste caso, os senhores da Visão que o deixaram publicar assim.
Gente com lugares PREvilegiados na vida devia saber escrever privilégio...
03 fevereiro 2009
01 fevereiro 2009
Uma bela discussão
Um recém-futuro colega de trabalho chamou a atenção para este artigo. Ora aqui está muito paninho para as mangas de uma boa discussão, se possível regada com tinto de qualidade e uns petiscos. Espreitem, vá lá (link no título para os mais distraídos)
31 janeiro 2009
Conto de fadas
Em 2005 o rapaz, visivelmente coxo, entrou três ou quatro vezes em campo para ajudar o Benfica a ser campeão e cerca de 1/8 dos alegados seis milhões a saber o que isso é.
Hoje o rapaz, ainda coxo, entrou em campo para ganhar um jogo destinado ao empate. Parece um conto de fadas, mas na verdade só o será se o Benfica for campeão este ano e ele fizer, vá lá, mais dois golitos.
Mas porra! Se isso acontecer, se os contos de fadas podem ser verdadeiros, quero a minha casa de chocolate, o meu palácio para viver, o meu cavalo branco (mentira, tenho medo...), o meu reino, os meus escudeiros, os meus amigos mosqueteiros, os meus bandidos para combater e derrotar, tudo. Uma Bela Adormecida não preciso, obrigado - já tenho. Porque também temos de fazer alguma coisa pelos nossos verdadeiros contos de fadas, não é?...
16 dezembro 2008
Canastronas
Ele voltou e está em grande forma (às vezes os links saem marados, mas isso pronto...).
Meninos e meninas, fáchavor de espreitar e votar!
Meninos e meninas, fáchavor de espreitar e votar!
10 novembro 2008
Questões de género
Oiço agora mesmo: George Bush vai receber Barack Obama na Casa Branca, na qualidade de presidente cessante que começa a passar a pasta ao presidente eleito. Tudo normal.
Oiço ainda: simultaneamente, LAURA Bush vai mostrar vai mostrar os cantos à casa a Michelle Obama, sua sucessora como primeira dama dos Estados Unidos.
Porreiro. Está visto, pelo exemplo da Grande Democracia, que o lugar da mulher ainda é esse mesmo: tratar da casa, preocupar-se com os sítios que acumulam mais pó, saber onde as crianças podem brincar e onde vão fazer os trabalhos de casa (se bem que nisto LAURA ajuda pouco).
Só pergunto: se Hillary Clinton tivesse ganho as primárias democratas e com isso chegasse a presidente, será que LAURA Bush passava o tempo da audiência a mostrar os cantos da casa a Bill?
(Sabemos que por acaso não é preciso e dispensam-se brincadeiras e subentendidos com a sala oval, OK? O assunto aqui é mais sério e infinitamente mais importante que um fellatio)
Oiço ainda: simultaneamente, LAURA Bush vai mostrar vai mostrar os cantos à casa a Michelle Obama, sua sucessora como primeira dama dos Estados Unidos.
Porreiro. Está visto, pelo exemplo da Grande Democracia, que o lugar da mulher ainda é esse mesmo: tratar da casa, preocupar-se com os sítios que acumulam mais pó, saber onde as crianças podem brincar e onde vão fazer os trabalhos de casa (se bem que nisto LAURA ajuda pouco).
Só pergunto: se Hillary Clinton tivesse ganho as primárias democratas e com isso chegasse a presidente, será que LAURA Bush passava o tempo da audiência a mostrar os cantos da casa a Bill?
(Sabemos que por acaso não é preciso e dispensam-se brincadeiras e subentendidos com a sala oval, OK? O assunto aqui é mais sério e infinitamente mais importante que um fellatio)
O caminho certo
O Sporting perdeu, é certo. Perdeu porque marca penalties pior que o Porto. Mas a primeira parte mostrou um grande futebol, algo de inexistente por Alvalade desde os tempos de José Peseiro. E foi sempre a única equipa a não querer desempates aleatórios. Dois sinais de mudança em Paulo Bento, que podem trazer novos dias. Continuem - porque jogando bem ganha-se de certeza mais vezes.
08 novembro 2008
Digam lá...
... o que se chama a um indivíduo que anda de mau humor com o calendário (é dado a efemérides, mais recentes ou mais longínquas — sobretudo mais recentes) e vai pôr-se a ler posts antigos mais ou menos a versar sobre o que o atormenta?
Vale rebuçado.
Vale rebuçado.
30 outubro 2008
Cuidado, eles andam armados
A vida é bonita pelas surpresas que nos traz. Mesmo as más. Acordar a escutar na rádio que um general insinuou uma revolução é uma experiência única. Eu, que assumi muitas vezes ter preferido já ser gente no 25 de Abril, não podia pedir melhor para meio da semana.
O general disse qualquer coisa como: os jovens militares, se continuarem a sentir-se injustiçados, podem cometer actos pouco consentâneos com a democracia.
Não se sabe exactamente o que pensam os «jovens militares», mas rapidamente outras duas altas patentes vieram concordar com o general.
E pronto, como andam armados podem dar-se a este luxo de ameaçar o estado de Direito só porque a crise também lhes bate à porta. O pior da história é que a História já nos deu fartos e bastos exemplos de que os militares sabem mesmo fazer levantamentos e golpes de Estado.
Este governo não é brilhante e os dias que se vivem não são dos melhores, mas a ideia de uma Junta Militar à frente do País é no mínimo assustadora e no máximo aterradora.
Conhecidos e louvados pela forte disciplina que impõem, espera-se que as estruturas militares, ao invés de ameaçarem, saibam controlar estes excessos de linguagem (por enquanto de linguagem...). Se não souberem, pede-se ao governo e, em especial, ao número 1 das Forças Armadas, o Presidente da República, que puxe as orelhas aos senhores e os mande descansar na caserna depois de fazerem 200 flexões com cada braço.
O general disse qualquer coisa como: os jovens militares, se continuarem a sentir-se injustiçados, podem cometer actos pouco consentâneos com a democracia.
Não se sabe exactamente o que pensam os «jovens militares», mas rapidamente outras duas altas patentes vieram concordar com o general.
E pronto, como andam armados podem dar-se a este luxo de ameaçar o estado de Direito só porque a crise também lhes bate à porta. O pior da história é que a História já nos deu fartos e bastos exemplos de que os militares sabem mesmo fazer levantamentos e golpes de Estado.
Este governo não é brilhante e os dias que se vivem não são dos melhores, mas a ideia de uma Junta Militar à frente do País é no mínimo assustadora e no máximo aterradora.
Conhecidos e louvados pela forte disciplina que impõem, espera-se que as estruturas militares, ao invés de ameaçarem, saibam controlar estes excessos de linguagem (por enquanto de linguagem...). Se não souberem, pede-se ao governo e, em especial, ao número 1 das Forças Armadas, o Presidente da República, que puxe as orelhas aos senhores e os mande descansar na caserna depois de fazerem 200 flexões com cada braço.
28 outubro 2008
A propósito disto aqui
Carta enviada (por via electrónica) ao Sindicato de Jornalistas:
Exmos. senhores:
Vêm de há algum tempo as minhas interrogações sobre a real vantagem de ser, hoje, sindicalizado. Na minha opinião (que vale apenas enquanto tal, naturalmente), o SJ padece do mal geral do sindicalismo, pelo menos em Portugal - pouca adequação aos tempos modernos e dificuldades tremendas na leitura e adaptação ao que é, actualmente, o mundo laboral.
A recomendação do Conselho Deontológico (CD) de 24 de Outubro, a propósito da alegada «linguagem violenta utilizada no noticiário desportivo», fez-me pensar precisamente em tempos antigos, que não vivi mas dos quais tenho conhecimento. Os tempos em que os jornalistas «desportivos» não podiam ser sindicalizados.
O estigma que paira sobre a informação desportiva continua vivo. Isso sim, já tenho sentido na pele. Apenas da parte de companheiros de profissão, felizmente, já que no que respeita ao público que nos lê, ouve e vê os números vão falando por si.
O facto de o CD referir, no documento, a possibilidade de «cair na denominação de jornalismo menor» revela todo o preconceito que subsiste. Isto para não falar do conceito de «jornalista desportivo». Desconheço a denominação, ignoro a tipologia que separa jornalistas por classes ou assuntos. Ou também há recomendações a «jornalistas políticos», «jornalistas económicos», «jornalistas sociais» ou «jornalistas hortícolas»? Ou mesmo a «jornalistas sindicais», que no caso desta recomendação esquecem o óbvio dever de citar as fontes donde emanam as queixas que a motivaram, deixando o manto da suspeição cair sobre todos os jornais do país, visto que nenhum abdica de generosas fatias das suas edições para dedicar à informação desportiva?
Sindicalizei-me assim que me iniciei na profissão, como estagiário, há 14 anos. Sempre que discuti a filiação com outros jornalistas da minha geração (não filiados em maioria), descobri que o meu único argumento para continuar era uma questão política e ideológica. Esta «recomendação» atinge-me enquanto profissional. Como a política e a ideologia não se praticam nem defendem através do pagamento de quotas mensais - nem, quanto a mim, através de metodologias, preconceitos e formas de luta ao estilo dos anos 70 e 80 - entendo desfiliar-me do Sindicato a partir desta data.
Com os melhores cumprimentos
Exmos. senhores:
Vêm de há algum tempo as minhas interrogações sobre a real vantagem de ser, hoje, sindicalizado. Na minha opinião (que vale apenas enquanto tal, naturalmente), o SJ padece do mal geral do sindicalismo, pelo menos em Portugal - pouca adequação aos tempos modernos e dificuldades tremendas na leitura e adaptação ao que é, actualmente, o mundo laboral.
A recomendação do Conselho Deontológico (CD) de 24 de Outubro, a propósito da alegada «linguagem violenta utilizada no noticiário desportivo», fez-me pensar precisamente em tempos antigos, que não vivi mas dos quais tenho conhecimento. Os tempos em que os jornalistas «desportivos» não podiam ser sindicalizados.
O estigma que paira sobre a informação desportiva continua vivo. Isso sim, já tenho sentido na pele. Apenas da parte de companheiros de profissão, felizmente, já que no que respeita ao público que nos lê, ouve e vê os números vão falando por si.
O facto de o CD referir, no documento, a possibilidade de «cair na denominação de jornalismo menor» revela todo o preconceito que subsiste. Isto para não falar do conceito de «jornalista desportivo». Desconheço a denominação, ignoro a tipologia que separa jornalistas por classes ou assuntos. Ou também há recomendações a «jornalistas políticos», «jornalistas económicos», «jornalistas sociais» ou «jornalistas hortícolas»? Ou mesmo a «jornalistas sindicais», que no caso desta recomendação esquecem o óbvio dever de citar as fontes donde emanam as queixas que a motivaram, deixando o manto da suspeição cair sobre todos os jornais do país, visto que nenhum abdica de generosas fatias das suas edições para dedicar à informação desportiva?
Sindicalizei-me assim que me iniciei na profissão, como estagiário, há 14 anos. Sempre que discuti a filiação com outros jornalistas da minha geração (não filiados em maioria), descobri que o meu único argumento para continuar era uma questão política e ideológica. Esta «recomendação» atinge-me enquanto profissional. Como a política e a ideologia não se praticam nem defendem através do pagamento de quotas mensais - nem, quanto a mim, através de metodologias, preconceitos e formas de luta ao estilo dos anos 70 e 80 - entendo desfiliar-me do Sindicato a partir desta data.
Com os melhores cumprimentos
14 outubro 2008
Baquetas, por favor. Por favor!
12 outubro 2008
Questões incontornáveis
A minha mulher foge a sete pés da conversa. Deve calhar-lhe a honra, mas para efeitos legais e outros tidos na altura por convenientes desde já fica o testamento: quando for desta para melhor (ainda falta um bocadito, espero) quero ser cremado com banda sonora - «My Way», por Frank Sinatra, claro. Estas coisas têm de ser ditas e ficar escritas. Já está.
Music day - II
Parabéns! E os discos?...
17 setembro 2008
Welcome home
13 setembro 2008
Enfim...
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Create your own visited map of The World or determine the next president
Se tivesse vivido só dez por cento da minha vida ainda vá lá... Mas enfim - desistir nunca!
04 setembro 2008
06 julho 2008
20 junho 2008
Era tanto e acabou-se...
Não há como aproveitar fins para recomeçar qualquer coisa. Acabou-se o sonho português no Europeu, recomeça a actividade deste cantinho no ciberespaço plantado.
Não sei se era do vermelhinho dos equipamentos novos, se era da qualidade do Ronaldo e da classe do Moutinho, se era da eterna sorte do Scolari, se era de ter estado uns dias na Suíça a respirar um Europeu que parecia feitinho para ganharmos, se era de achar que se calhar o Ricardo até nem era assim tão mau e comprometedor...
Não sei porque era, na verdade, mas achava mesmo que no mínimo íamos até Viena. Afinal vimos para casa cedinho, como os meninos bem comportados, pronto. E eu cá vou na mesma a Viena, espero que com o coração a bater pela Holanda ou pela Espanha.
Ainda estamos a quente, mas há sempre gente mais lúcida e portanto o cenário fica perceptível: 1) um companheiro aqui do lado descobriu fotos dos três golos alemães nas quais o Ricardo tem os olhos fechados
2) uma companheira de outras guerras foi lapidar: impossível ganhar alguma coisa com o Ricardo na baliza. Quem é do Sporting que levante o braço! (pronto, OK, a Taça contra o Belenenses...)
Até já. Até sempre.
Não sei se era do vermelhinho dos equipamentos novos, se era da qualidade do Ronaldo e da classe do Moutinho, se era da eterna sorte do Scolari, se era de ter estado uns dias na Suíça a respirar um Europeu que parecia feitinho para ganharmos, se era de achar que se calhar o Ricardo até nem era assim tão mau e comprometedor...
Não sei porque era, na verdade, mas achava mesmo que no mínimo íamos até Viena. Afinal vimos para casa cedinho, como os meninos bem comportados, pronto. E eu cá vou na mesma a Viena, espero que com o coração a bater pela Holanda ou pela Espanha.
Ainda estamos a quente, mas há sempre gente mais lúcida e portanto o cenário fica perceptível: 1) um companheiro aqui do lado descobriu fotos dos três golos alemães nas quais o Ricardo tem os olhos fechados
2) uma companheira de outras guerras foi lapidar: impossível ganhar alguma coisa com o Ricardo na baliza. Quem é do Sporting que levante o braço! (pronto, OK, a Taça contra o Belenenses...)
Até já. Até sempre.
27 abril 2008
Onde o mar é mais azul e tudo mais verde... multa-se
25 abril 2008
Música em liberdade, ou o 25 de Abril explicado (?) a um fedelho de quatro anos
- Sabes, filho? Hoje é feriado porque há 34 anos uns soldados tiraram uns maus do governo. Esses maus prendiam pessoas por falar, não havia canais de televisão livres, os jornais não escreviam o que queriam, blá blá blá... e não se podia ouvir Zeca Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco. Sabes que o Sérgio até teve de fugir para França para cantar "a paz o pão" [como ele chama à Liberdade]? E esta canção [Grândola a rodar] passou na rádio para os soldados saberem que estava tudo pronto para irem tirar os maus do governo...
- Mas paaaaai, então não posso ouvir os Trovante?!
Claro que pode. Afinal... viva a Liberdade.
- Mas paaaaai, então não posso ouvir os Trovante?!
Claro que pode. Afinal... viva a Liberdade.
17 abril 2008
Parabéns à SIC...
... por ter transmitido, esta quarta-feira, o melhor espectáculo do novo século. Espero que as audiências correspondam ao investimento, mesmo admitindo uns milhares de mudanças de canal precoces. Tipo... antes de verem o melhor golo da noite, o do Vukcevic.
05 abril 2008
Sair é bom, reencontrar ainda melhor
Abre-se a porta, está de noite, e de repente o cheiro. O cheiro desta terra. O cheiro que nos faz sentir em casa longe de casa. O cheiro que parecia esquecido. Falta-me matéria-prima para o descrever. Ainda hoje à tarde me ensinaram que isto são amores-perfeitos, aquilo margaridas, aquilo «bons dias». Agora, quando abri a porta, olhei para as flores no jardim e já não lhes sabia o nome outra vez.
Fica bem nas poesias dizer que cheira a buganvílias, a alecrim, a amores-perfeitos (os amores-perfeitos só podem ter cheiro, pelo nome...).
Não tenho poesias. Só sentidos. E senti o cheiro de Primavera/Verão de São Pedro. O de Inverno é mais parecido com outros, fumos de lareiras e assim. Mas este da estação quente é só daqui. E foi numa estação quente que aqui arribei pela primeira vez. Vai fazer 14 anos.
Vai fazer 14 anos... E eu estou aqui.
Fica bem nas poesias dizer que cheira a buganvílias, a alecrim, a amores-perfeitos (os amores-perfeitos só podem ter cheiro, pelo nome...).
Não tenho poesias. Só sentidos. E senti o cheiro de Primavera/Verão de São Pedro. O de Inverno é mais parecido com outros, fumos de lareiras e assim. Mas este da estação quente é só daqui. E foi numa estação quente que aqui arribei pela primeira vez. Vai fazer 14 anos.
Vai fazer 14 anos... E eu estou aqui.
02 abril 2008
Sair é sempre bom, de avião ainda melhor
O tempo será pouco, mas vamos lá então ver o que é, como está, o que se passa e o que há em Glasgow além de dois clubes de futebol interessantes.
Até já.
Até já.
23 março 2008
22 março 2008
Parece mentira, mas aconteceu (e há testemunhas)
Quarta-feira fui ao Continente do Colombo. Mais importante ainda: fui ao Colombo buscar os meus óculos de sol de estimação, que tinham tido o azar de uma lente partida e me obrigaram a andar um mês com uns antigos que me faziam parecer... bom, não interessa - interessa, sim, que já munido dos óculos a sério fui ao Continente. No carrinho, além das compras e do filhote, trazia a carteira e - voilà! - os óculos, dentro da sua carteirinha design moderno.
À noite, quando o lombo de porco com castanhas já estufava, recebi um telefonema simpatiquíssimo do Continente Colombo. Que tinha lá deixado uma carteira e uns óculos. Dei graças por ser sócio do hipermercado (presumo que tenham sacado o telefone por aí) e muito maiores e mais graças ao senhor que teve a gentileza de tirar o meu ex-carrinho da fila, ver lá os meus pertences e entregá-los nas informações.
Parece mentira, mas ainda acontece. Com um bónus que eu já nem pedia: sinceramente não me lembrava de quanto dinheiro tinha na carteira, sabia apenas que não era muito. Na hora do resgate (foi aí que soube ter sido um senhor), estavam lá 15 euritos dentro.
É bom poder acreditar na raça humana. Ao dito senhor, se por acaso é internauta e ler isto (pouco provável, mas não menos do que entregar carteira, óculos e dinheiro assim de boa vontade), um grande OBRIGADO. Pelas coisas e pela oportunidade de acreditar.
À noite, quando o lombo de porco com castanhas já estufava, recebi um telefonema simpatiquíssimo do Continente Colombo. Que tinha lá deixado uma carteira e uns óculos. Dei graças por ser sócio do hipermercado (presumo que tenham sacado o telefone por aí) e muito maiores e mais graças ao senhor que teve a gentileza de tirar o meu ex-carrinho da fila, ver lá os meus pertences e entregá-los nas informações.
Parece mentira, mas ainda acontece. Com um bónus que eu já nem pedia: sinceramente não me lembrava de quanto dinheiro tinha na carteira, sabia apenas que não era muito. Na hora do resgate (foi aí que soube ter sido um senhor), estavam lá 15 euritos dentro.
É bom poder acreditar na raça humana. Ao dito senhor, se por acaso é internauta e ler isto (pouco provável, mas não menos do que entregar carteira, óculos e dinheiro assim de boa vontade), um grande OBRIGADO. Pelas coisas e pela oportunidade de acreditar.
19 março 2008
Pode ser exagero, mas gostar de música(s) é assim mesmo
17 março 2008
Filosofias de casa de banho
Desculpem, mas a questão é pertinente. Desde que existem sanitas ouvimos as mulheres queixarem-se de que os homens deixam o tampo para cima depois de mijar. Há inclusivamente rumores de que elas são capazes de separar o mundo entre homens que o fazem e homens que não o fazem. Quando se trata de partilhar casa e casa de banho, claro, que para outras coisas a conversa deve ser diferente...
Bom, a dúvida é a seguinte: por que raio os homens hão-de ter que deixar a casa de banho pronta a usar por elas e não o contrário - ela faz o seu chichizinho e elegantemente deixa o tampo levantado para ele poder usufruir depois?
Bom, a dúvida é a seguinte: por que raio os homens hão-de ter que deixar a casa de banho pronta a usar por elas e não o contrário - ela faz o seu chichizinho e elegantemente deixa o tampo levantado para ele poder usufruir depois?
14 março 2008
Uma pala nos olhos dos governantes
Peço desculpa mas não me lembro do nome do senhor. Decorei que é governante e ouvi-o na rádio, a propósito dos 3 anos de governação Sócrates, dizer qualquer coisa como isto (associação livre de ideias): «Num balanço, se temos coisas boas para assinalar devemos concentrar-nos nelas. Também terá havido coisas menos boas, mas não devemos perder tempo com elas.»
É preciso comentários? Se sim, mandem!
É preciso comentários? Se sim, mandem!
Porque pensar faz bem, paremos um pouco
«Com esta geração que nos governa nem Ceuta teríamos conquistado. Os custos seriam sempre superiores aos proveitos imediatos. Fazia-se um estudo e não se ia»
Miguel Real, autor do livro A Morte de Portugal - escritor, professor, ensaísta, em entrevista à Visão
Trata-se, apenas, da pérola que mais me fez soar campainhas de alarme na consciência quando li a entrevista. Mas seguramente mais de dois terços das afirmações polémicas deste senhor fazem-nos pensar. E pensar, mesmo que pouco mais possamos fazer aos dias úteis e não nos sobre tempo nos dias de folga, ainda não paga imposto.
Miguel Real, autor do livro A Morte de Portugal - escritor, professor, ensaísta, em entrevista à Visão
Trata-se, apenas, da pérola que mais me fez soar campainhas de alarme na consciência quando li a entrevista. Mas seguramente mais de dois terços das afirmações polémicas deste senhor fazem-nos pensar. E pensar, mesmo que pouco mais possamos fazer aos dias úteis e não nos sobre tempo nos dias de folga, ainda não paga imposto.
10 março 2008
Eu sei que vais ler
Lisboa, 10 de Março de 2008
Olá.
O teu neto está grande, grande. Esperto, o rapaz, desenrascado. Tem alguns medos e muitas certezas. Gosta de animação e vai ter uma festa logo à tardinha, com amigos dele, amigos dos pais e gente da família, claro. Quatro anos, quatro. Consegues vê-lo da fotografia da sala, não é? Acho que ele não te conhecerá se te encontrar na rua, mas sabe muito bem quem és.
Estive todo o dia à tua espera, ontem. Sim, eu sei - há três anos, há três noves de Março que sei que não podes vir. Mas eu espero, que queres? Espero sempre. A festa, afinal, é tua. Foi tua a dor, tua a alegria, tua a energia. Eu só saí para um mundo nem sempre bonito mas que felizmente tem conseguido ser meu amigo. E como não vens não há festa. Só houve 30 festas. Se calhar chegam. Depois nasce outro dia e chega a outra festa, que também só viste uma vez.
Já sei que não vais aparecer hoje. Por isso te tenho aqui, agora, enovelada no nó que me tapa a garganta. Prometi chorar-te sempre que quiser. Mas nas mais das vezes não consigo. Fica só o nó. E soltam-se os dedos.
Beijo doce, como sempre
Teu filho, Xano
Olá.
O teu neto está grande, grande. Esperto, o rapaz, desenrascado. Tem alguns medos e muitas certezas. Gosta de animação e vai ter uma festa logo à tardinha, com amigos dele, amigos dos pais e gente da família, claro. Quatro anos, quatro. Consegues vê-lo da fotografia da sala, não é? Acho que ele não te conhecerá se te encontrar na rua, mas sabe muito bem quem és.
Estive todo o dia à tua espera, ontem. Sim, eu sei - há três anos, há três noves de Março que sei que não podes vir. Mas eu espero, que queres? Espero sempre. A festa, afinal, é tua. Foi tua a dor, tua a alegria, tua a energia. Eu só saí para um mundo nem sempre bonito mas que felizmente tem conseguido ser meu amigo. E como não vens não há festa. Só houve 30 festas. Se calhar chegam. Depois nasce outro dia e chega a outra festa, que também só viste uma vez.
Já sei que não vais aparecer hoje. Por isso te tenho aqui, agora, enovelada no nó que me tapa a garganta. Prometi chorar-te sempre que quiser. Mas nas mais das vezes não consigo. Fica só o nó. E soltam-se os dedos.
Beijo doce, como sempre
Teu filho, Xano
28 fevereiro 2008
Vamos ao fim da rua, vamos ao fim do Mundo
O meu pai mudou o rádio de sítio por aqueles dias. Queria apanhar «uma rádio nova só de informação» de que ouvira falar. Nesse tempo, captar ondas do éter em Queluz nem sempre era fácil. Encontrou finalmente um sítio. Era numa divisão comum do apartamento que fazia ao mesmo tempo de corredor e hall. Paciência - era ali que se ouvia a TSF, em 102.7.
Ainda pirata mas já tão boa, tão diferente. Lembro que era o tempo do monopólio da TV estatal. Eu era novito, acho que ainda não fazia a barba. Mas sei perfeitamente que o bichinho do jornalismo, nascido sobre páginas de jornal, se alimentou rapidamente daquela nova forma de intervir. Cresceu, desenvolveu-se, jornalista sou hoje.
Como sucede com tudo e todos, não falta quem diga que a TSF «está cada vez pior». Tirando no que respeita ao Benfica, ao Sporting e a meia dúzia de restaurantes, normalmente isto é só vontade de dizer mal e mania de que «no nosso tempo é que era».
20 anos depois eu e o meu pai - hoje no Alentejo com direito a frequência regional - já não precisamos de mudar o rádio de sítio (a não ser, no meu caso, o do despertador, de vez em quando). É tudo automático. Pela parte que me toca, 89.5 continua na posição 1 em casa e no carro.
Parabéns, TSF.
26 fevereiro 2008
O mapa das vertigens
Há as vertigens. Depois há os momentos em que planamos, leves e seguros, momentos em que reconhecemos o que está lá em baixo e gostamos de andar lá em cima, na convicção de uma aterragem feliz.
Depois há outra vez as vertigens. Rápidas, vorazes, alucinantes.
Há as esperanças e os medos. A esperança de já sermos melhores, agora que sabemos mais de nós, e o medo de nunca o conseguirmos ser, agora que continuamos um mistério tão grande.
Há as certezas dos afectos eternos e as incertezas do mapa de nós que dificilmente decifraremos em vida e certamente nos será vedado depois da morte, porque mortos estaremos.
Há o consolo de um abraço, o conforto de uma palavra ou de um silêncio. Há o temor de um abraço, o desconforto das palavras e dos silêncios.
Há uma corda bamba sobre a qual, loucos por nós próprios, até chegamos a correr. Depois há uma estrada firme onde mal nos atrevemos a dar um passo com medo que a terra se abra de repente. Ou se reabra de repente.
Há âncoras às quais nos agarramos e sabemos que não nos deixarão ir ao fundo, por mais que o mar nos açoite. Há ondas que nos levam sem percebermos quando nos enrolaram ou quando já somos só uma parte da espuma que abraça a areia das praias.
Há muito, há tanto! E por haver tanto, por haver muito, há que caminhar. Nadar, flutuar, planar e voar.
Aterraremos todos no mesmo sítio. Já sem olhos, então, para ler o nosso mapa.
Depois há outra vez as vertigens. Rápidas, vorazes, alucinantes.
Há as esperanças e os medos. A esperança de já sermos melhores, agora que sabemos mais de nós, e o medo de nunca o conseguirmos ser, agora que continuamos um mistério tão grande.
Há as certezas dos afectos eternos e as incertezas do mapa de nós que dificilmente decifraremos em vida e certamente nos será vedado depois da morte, porque mortos estaremos.
Há o consolo de um abraço, o conforto de uma palavra ou de um silêncio. Há o temor de um abraço, o desconforto das palavras e dos silêncios.
Há uma corda bamba sobre a qual, loucos por nós próprios, até chegamos a correr. Depois há uma estrada firme onde mal nos atrevemos a dar um passo com medo que a terra se abra de repente. Ou se reabra de repente.
Há âncoras às quais nos agarramos e sabemos que não nos deixarão ir ao fundo, por mais que o mar nos açoite. Há ondas que nos levam sem percebermos quando nos enrolaram ou quando já somos só uma parte da espuma que abraça a areia das praias.
Há muito, há tanto! E por haver tanto, por haver muito, há que caminhar. Nadar, flutuar, planar e voar.
Aterraremos todos no mesmo sítio. Já sem olhos, então, para ler o nosso mapa.
20 fevereiro 2008
Amor é...
... reconhecermo-nos numa ou noutra música e, mais do que isso, ouvir o compositor no rádio, dias depois, falar dela - da música - exactamente da forma que a sentimos. Há gente que escreve e canta e nos atravessa os dias. Os bons, os maus, os mais ou menos. Podem estar quietos nas estantes durante meses, mas voltam sempre que é preciso. Não foi a primeira vez que o Godinho me fez a banda sonora. Não terá sido certamente a última. Quem disse que as Noites Passadas não se reinventam?
03 fevereiro 2008
2.º andar A/ 4.º andar B
«... mas tem cuidado,
trata-o bem,
muito bem de mansinho
que ainda agora
vai pisar outro caminho»
trata-o bem,
muito bem de mansinho
que ainda agora
vai pisar outro caminho»
Para ti (sabes quem és?)
Que rua tão torta e tão longa, a do amor
Que vento tão forte lá sopra, é o do amor
Por vezes parece uma rua assombrada
Com sombras de bruxa fazendo de fada
Que faço eu na rua deserta do amor
Não há uma só porta aberta pró amor
Por vezes lá se abre uma frincha de nada
Na porta do amor que eu queria escancarada
Sérgio Godinho, «Amores de Marta»
Mais leituras aqui
Que vento tão forte lá sopra, é o do amor
Por vezes parece uma rua assombrada
Com sombras de bruxa fazendo de fada
Que faço eu na rua deserta do amor
Não há uma só porta aberta pró amor
Por vezes lá se abre uma frincha de nada
Na porta do amor que eu queria escancarada
Sérgio Godinho, «Amores de Marta»
Mais leituras aqui
As cancelas
O domingo é um péssimo dia para tentarmos apanhar os restos de nós que vamos deixando espalhados em casas, nos carros, nos caminhos que fazemos. Esses mesmo - nos quais encontramos tantas cancelas fechadas nas encruzilhadas. As cancelas que abrimos de olhos fechados, a sonhar, e estão presas com ferrolhos quando acordamos. Seja domingo ou segunda-feira.
02 fevereiro 2008
Puuuuuuuxa!
01 fevereiro 2008
É a vida, já dizia o outro
É espantosa a rapidez com que algumas coisas passam e incrível a lentidão com que algumas coisas não passam. Isto é La Palisse?
28 janeiro 2008
Sinais
Percebe-se que estamos inseguros quando, mesmo sabendo que nadamos com água pela cintura, deixamos de ser capazes de ler os sinais que nos enviam. Ou, sobretudo, os que não nos enviam, achando aqui e além que um sorriso vale mais que o momento, ou que um olhar traz algo que queremos, ou julgamos querer, quando se limita a ser um olhar.
Percebe-se que estamos inseguros quando queremos muitas coisas ao mesmo tempo e desconfiamos que queremos algumas delas precisamente porque não acontecem, essas e outras.
Percebe-se muita coisa e isso às vezes serve-nos de tão pouco.
Percebe-se que estamos inseguros quando queremos muitas coisas ao mesmo tempo e desconfiamos que queremos algumas delas precisamente porque não acontecem, essas e outras.
Percebe-se muita coisa e isso às vezes serve-nos de tão pouco.
26 janeiro 2008
Se a noite falasse...
... nem era preciso álcool ou drogas. Bastava alguém reparar no meu ar aflito enquanto procuro no trânsito um carro como o teu. O teu carro, que quase sempre sei onde está, que às vezes está tão perto. Era suficiente alguém perceber que vejo a tua sombra a cada recorte que as luzes me oferecem reflectido no chão que dorme, pardo, negro. Tem sempre cabelos a beijar os ombros, esta sombra - ancas, botas, um cigarro e uma mão que o agarra para depois, indicador e médio a fumegar nas pontas, ajeitar a madeixa de cabelo que também quer acariciar a face. Olho, passo, espreito outra vez e é só mais uma sombra. Quantas faltarão até seres tu?
25 janeiro 2008
Eles estão de volta
Livro de instruções
Não, a vida não se retomou por inteiro. Vai-se retomando e re-estragando dia a dia, semana a semana. Deve ser mesmo assim, se calhar só eu é que não sabia. Talvez deva mesmo ler os livros todos onde tudo vem escrito e descrito e dissecado e onde já mistério nenhum da vida tem autorização de entrar. Mas pensando bem, se alguma vez os ler será sempre para esquecê-los no minuto seguinte. Não me formatarão.
RETOMA
Porque a vida também é feita de recomeços, apeteceu-me voltar aqui. Não sei quantas vezes. Aquelas que apetecerem; como hoje.
18 dezembro 2007
15 novembro 2007
Nunca largues o piano
13 novembro 2007
A voz
Há vozes mágicas. De repente equilibramo-nos por segundos num fio de palavras e vemos, lá ao fundo, uma luz. Uma luzinha. Mas ela está lá. Acesa.
28 outubro 2007
O joelho que adivinha chuva
Há gente a quem doem articulações quando está para chegar chuva. Há gente a quem dá para escrever frases simples e soltas quando adivinha angústia.
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