A caminho da meia idade (bom, ainda um bocadito longe, pronto), não via com maus olhos um emprego que passasse por escrever meia página, uma vez por semana, a gozar e glosar o trabalho dos outros.
Não deve ser má vida: folheia-se uns jornais e umas revistas, topam-se as coisas mais fora do normal, escolhem-se uns ódios de estimação, mais umas embirraçõezinhas avulsas para compor o ramalhete e já está.
Depois só falta escrever. Esta parte é difícil, porque quem está tão à vontade para atirar pedras aos outros tem de ter sempre telhados de betão. E nem sempre tem, mas adiante. Adopta-se então um tom, escrevem-se uns caracteres, poucos, e a semana está ganha. Presume-se que com ordenados principescos, porque não é em vão que se atinge o estatuto de observador-Deus-infalível.
O pessoal que se dedica a esta faina tem um problema grave: como nunca ou raramente teve uma ideia na vida, embirra gratuitamente com quem faz algo um nadinha diferente do habitual. Mas percebe-se: afinal, uma mente de génio gastar semanas inteiras a ler os outros ignorantes...
27 agosto 2005
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3 comentários:
Nós, os restantes mortais, fazemos isso de borla nos cafés... ou mesmo nos blogs!
E com muito mais estilo, diga-se...
E gostamos! Para dúvidas consultar um post abaixo que tem perto de 50 comentários...
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